sexta-feira, 17 de abril de 2009

as Nuances Históricas

No seu artigo, A Produção da Terceira Idade: O discurso do especialismo, Adriana Miranda de Castro leva-nos a uma viagem histórica da velhice, desde sociedades antigas como Grécia e Roma, focando principalmente como o velho foi “perdendo importância” dentro do contexto político-social já dentro dessas sociedades que possuíam os anciões como representantes do povo e detentores de sabedoria. Passando depois, para a exposição da construção dos discursos gerontólogos e geriátricos com estudos do corpo, com mais intensidade no renascimento, no qual foram criados manuais de higiene de cuidado com o corpo, de cuidados com os velhos, começa-se a partir daí a surgir uma preocupação com essa população emergente sem posição social. Com a Revolução Industrial é que o velho torna-se ainda mais uma classe marginalizada, ou seja, ele não mais produz, ele não mais é uma força de trabalho, ele não mais é fonte de riqueza. O velho a partir de então se torna um problema social.
A produção de saber é o maior aliado dessa realidade, pois a partir da busca de controle, do positivismo, de uma ciência que busca uma produção de indivíduos normais, o velho passa a ser criança com regras estipuladas de como se devem cuidar, do que se deve dizer, de como devem se construir as relações com um corpo que está se dissolvendo para a morte, que sua única finalidade é o fim. Surgem, assim, as despesas com a aposentadoria, com programas sociais. Entretanto, a partir daí se cria uma nova nomenclatura para a velhice – a terceira idade, ou seja, a agora é uma fase “normal” do desenvolvimento de todos. A terceira idade é a fase entre a aposentadoria e a velhice, é um envelhecimento ativo. O velho/idoso passa a ser um velho/jovem com tempo ocioso que deve ser usado para descansar pelo tempo de trabalho. O velho/jovem tem que ser auto-suficiente, tem que possuir total independência. Dessa forma, ele não só deixa de ser um “estorvo” social, mas passa a ser consumidor assíduo.