segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Resumo do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol

Deus e o Diabo na Terra do Sol

No primeiro do trecho filme temos o primeiro contato com os personagens que conduzirão todo o enredo do filme: Manoel, Rosa e o sertão. A primeira cena, uma tomada aérea sobre o sertão, conduz o espectador como um visitante, introduzindo ao cenário do semi-árido nordestino. Em meio a este cenário, encontra-se o vaqueiro Manoel a que o cordelista-narrador apresenta, justo no momento do primeiro encontro deste com o Santo Sebastião, um beato a conduzir um pequeno culto messiânico em procissão, em meio a cantorias religiosas. Manoel, montado em sua burra, rodeia o culto e observa admirado o beato, mas não pronuncia uma palavra. Ao chegar em casa, relata o encontro a sua esposa Rosa, ainda admirado, fala que o santo havia prometido um milagre que iria salvar todo mundo. Rosa ouve impassível enquanto continua socndo o pilão. Na cena seguinte, Rosa gira a roda da moenda, enquanto Manoel mói a mandioca, preparando a farinha. Enquanto comem, Manoel conta à esposa seus planos de vender duas vacas e comprar um terreno, fazer uma roça, para que possam ter a própria colheita no ano seguinte. Rosa desacredita, diz que não adianta ao que Manoel responde que apesar do tempo ruim poderia vir um milagre.

No dia seguinte, Manoel vai à feira ao encontro do Coronel Morais, a quem trabalha cuidando de vacas. Manoel diz ao coronel que quatro vacas do rebanho morreram e pergunta-lhe pela partilha das vacas, pelo serviço prestado ao que o Coronel responde que as vacas mortas pertenciam ao vaqueiro. Manoel protesta ao que o coronel responde que a lei está do seu lado. Manoel insiste e após uma discussão o Coronel sentindo-se ofendido chicoteia Manoel que se defende cortando o Coronel com seu facão. Manoel foge e é perseguido por dois jagunços até sua casa; enquanto enfrenta um jagunço, o outro chega até a mãe de Manoel e a mata. Manoel mata os dois jagunços salvando Rosa e depois enterra a mãe.

Após esse episódio, Manoel entende que é seu destino seguir o Santo Sebastião, que já devia ter ido antes da desgraça. Manoel então leva sua esposa a Monte Santo, lugar onde Sebastião e seu culto se encontram. Sebastião prega a seus fiéis, profetiza uma terra do lado de lá do Monte Santo, onde tudo é verde e farto e onde ao nascer do sol aparecem Jesus e Maria, São Jorge e o Santo Sebastião. No caminho de pedras para o Monte Santo, Manoel e Rosa discutem, ao que Manoel reage com um golpe que leva Rosa ao chão. Sebastião prega contra os donos das terras, conclama os fiéis a buscarem as terras do céu e anuncia que o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão. Manoel chegando aos pés de Sebastião entrega-lhe sua força para libertar seu povo. Os fiéis louvam a Jesus. A seguir, Sebastião, Manoel e o culto de fiéis em procissão, saqueiam vendas, aprisionam, e agridem pessoas nos povoados próximos. De volta a Monte Santo, os fiéis rezam ruidosamente, num transe coletivo, enquanto Rosa caminha entre eles, observando. Rosa pergunta a Manoel se esquecera dela diz que desde que chegaram ao Monte Santo Manoel foi a deixando, ao que Manoel responde que para se entregar a Sebastião ele tinha que ficar sozinho, se libertar de mulher e filho. Sebastião declara que Manoel fora mandado para ser a força do Santo e esbofeteia-o. Manoel reproduz as profecias do Santo, fala que vira uma ilha no meio do rio, onde tudo é verde. Rosa adverte-o, pede para irem embora antes que cheguem as tropas do governo e façam igual ao que fizeram em Canudos. Manoel responde que o destino é maior que a morte. Sebastião prega, Manoel reza convulsivamente, Rosa intervém, interrompendo Manoel e desdizendo Sebastião ao que Manoel a impede e prossegue sua oração.

Um coronel e um padre contratam Antônio-das-Mortes para matar Sebastião. Antônio recusa-se dizendo que já ouviu falar de milagres no Monte Santo, que Sebastião tinha parte com Deus. O padre convence-o oferecendo o dobro do pagamento e dizendo que esta é a penitência de Antônio, que só depois de um crime maior é que ele poderá ser perdoado pelos crimes que cometeu. Em sua doutrinação pelo Santo Sebastião, Manoel é levado a carregar uma rocha sobre a cabeça por todo o caminho de pedra que leva ao Monte Santo. O beato Sebastião exige a Manoel que traga sua mulher e uma criança que só depois de lavar a alma de Rosa é que Manoel estará limpo. Acreditando que a mulher está possuída pelo demônio, Manoel cumpre o que o beato lhe pedira e leva a Sebastião um bebê e sua esposa Rosa. É preciso lavar a alma dos pecadores com o sangue dos inocentes. Sebastião sacrifica o bebê perfurando-o com um punhal e com o sangue faz uma marca de cruz na testa de Rosa. Manoel cai em si, concluindo que não pode vingar a morte de Jesus Cristo com o sangue dos inocentes. Despertando do desmaio, Rosa pega o punhal e mata Sebastião sobre o altar da capela. Nesse mesmo momento, Antônio-das-Mortes chega atirando e matando todos os fiéis do culto de Sebastião. Entrando na capela, Antônio encontra Rosa ainda com o punhal e Manoel abraçado ao corpo de Sebastião. Antônio vai embora deixando Manoel e Rosa vivos. No caminho encontra um cego violeiro e conta a este o que ocorreu em Monte Santo.

Manoel, Rosa e o cego Júlio partem pelo sertão e acabam encontrando Corisco em uma colina, onde o cangaceiro executa algumas pessoas, dizendo estar cumprindo sua promessa ao Padre Cícero, de não deixar o pobre morrer de fome. Corisco diz estar continuando o trabalho de Lampião, que este não teria morrido, estaria vivo nele. Corisco declara-se contra o gigante da maldade que come o povo para alimentar a República. Manoel chega aos pés de Corisco, revelando-lhe a morte do beato Sebastião pelas mãos de Antônio-das-Mortes. Corisco revolta-se contra o governo que matou Virgulino e agora havia matado o beato. Lembra que havia sonhado com o ataque que os levaria à morte. Virgulino não acreditou em Corisco que decidiu ir embora com seus cabras. Depois da morte de Lampião, Corisco vingou-se, matando o coiteiro que os denunciou e mandando as cabeças para o delegado. Manoel oferece-se para ser cangaceiro a que Corisco aceita, batizando-o de Satanás. Manoel, Corisco e seus cangaceiros invadem a fazenda do Coronel Calazans, aliado do governo. Eles saqueiam, destroem e estupram a noiva do Coronel. Corisco ordena que Manoel castre o Coronel e em seguida, de volta à caatinga, Corisco o mata. Dadá, mulher de Corisco, apela para eles irem embora, mas Corisco discorda, diz que tem que cumprir seu destino, fazer justiça para aliviar seu sofrimento, tem que vingar-se. Manoel diz que vai matar Corisco e apanha da mulher, ficando no chão choramingando. Corisco o levanta chamando-o de cabra frouxo. Manoel diz que não se pode fazer justiça derramando sangue.

Antônio-das-Mortes encontra o cego Júlio e pergunta-lhe se o vaqueiro de Monte Santo era o cangaceiro Satanás e se seria o cego quem o entregara a Corisco. O cego confirmou, dizendo que tinha lhe dado um destino. O cego diz não entender Antônio a que Antônio esbraveja ser esse o destino a que foi condenado. O cego pergunta se é matando que Antônio ajuda seus irmãos, ao que Antônio responde que o beato o havia perguntado a mesma coisa e que ele só matou os fiéis de Sebastião porque não conseguia viver conformado com tanta miséria. O cego Júlio protesta, dizendo que a culpa não é do povo. Antônio diz que um dia haverá uma guerra entre Deus e o Diabo no sertão e que o que ele quer é apressar esse acontecimento, matando Corisco e depois morrendo de uma vez.

O cego Júlio avisa Corisco que Antônio está por perto. Dadá, apela mais uma vez para eles fugirem ao que Corisco responde que o Padre Cícero fechou seu corpo. Manoel diz que morre por Corisco, que Lampião e Sebastião eram a mesma coisa, ao que Corisco responde que o beato não valia nada, o que Manoel diz ser uma blasfêmia. Corisco e Manoel discutem, Corisco diz que o beato Sebastião uma vez quis que Lampião largasse as armas e o seguisse. Corisco acredita que não se faz justiça só com oração e rosário, o que Manoel diz ser uma mentira. Dadá diz que Virgulino era grande mas também ficava pequeno, Corisco protesta, mas depois admite ser uma verdade. Corisco manda Dadá ir com o cego Júlio buscar sua filha e manda Manoel ver com quantos macacos Antônio está vindo.

Sozinhos na colina, Rosa e Corisco se aproximam e se encaram. Rosa, usando ainda o véu de noiva que pegara na casa do Coronel, cheira os cabelos de Corisco, rodeia-o e para diante de seu rosto. Eles se beijam. O beijo parece estranho aos olhos do espectador, o encontro brutal entre dois desesperançados.

Manoel e Dadá retornam. Dadá revela que a filha foi morta. Manoel diz que todas as saídas estão bloqueadas pelos macacos. Corisco dispensa seus cangaceiros entregando-lhes todo o ouro que tinha, diz que enfrentará sozinho Antônio-das-Mortes e pergunta se Manoel ficará ou irá embora. Manoel pergunta a Rosa o que fazer, ao que Rosa responde que está com ele para viver.

Antônio encontra Corisco e o mata a tiros. Antes de morrer Corisco grita que mais fortes são os poderes do povo. Antônio corta a cabeça de Corisco. Manoel e Rosa correm pelo sertão. Rosa cai e Manoel segue correndo. O narrador-cordelista canta que o sertão vai virar mar e o mar virar sertão e que assim mal-dividida a terra há de errar que a terra é do homem não é de Deus nem do Diabo. A seguir, a cena corta para uma tomada aérea sobre o mar.