Após um ano morando à cerca de 500 metros da feira do Castelo Branco, fui a ela pela segunda vez. Engraçado como passei tantas vezes ao lado de, mas não por ela, e a sensação que esta diferente experiência causa. A rua pela qual costumo cortar caminho quando volto para casa de alguns lugares, não parece a mesma, some em meio a tantas imagens e sons.
Não que eu fosse totalmente “virgem” desse espaço repleto, ou melhor, atropelado, de gente, frutas, verduras, carnes, sensações. Costumava ir a feira com minha mãe há alguns anos quando morava em outro bairro, e embora não gostasse de acordar cedo aos sábados ia contente carregar as sacolas (aquele mingau que fazia de meu café da manhã, o iogurte de ameixa que levava para casa e o modo como os feirantes atendiam seus clientes sempre me chamavam atenção).
Bom, nesta minha segunda experiência ainda me sinto meio deslocado, não sei, tenho a impressão de que sou notado pelos olhares como um estranho... talvez seja só uma impressão.
Logo que chego, enquanto espero João - andar com ele parece me dá mais conforto, já que ele já não é um “estranho no ninho” – dou de cara com o carro da Emsurb no inicio da feira. Em seguida vejo um fiscal discutindo com um feirante enquanto outro “confisca” sua cesta de abacaxis. Como já fiquei sabendo não é permitido colocar produtos naquele local – no chão do início da feira.
Observo a cena: o mesmo feirante que teve seus abacaxis “confiscados” retira suas outras mercadorias para não perdê-las também, um vendedor de morangos diz que se eles vierem tomar a sua, ele joga no chão e pisa, mas não deixa eles levarem, o rapaz que vende Cd e Dvd aguarda os fiscais irem embora para abrir o porta malas e expor sua mercadoria enquanto seu som toca.
Enfim, observo tudo – que parece já pertencer ao cotidiano da feira – mas ainda meio distanciado. Ensaio ir conversar com o feirante do abacaxi mas acabo não indo, fico esperando João chegar.
João chega e vamos caminhar pela feira, alguns olhares de reconhecimento e acenos parecem dirigir-se para nós. Seu Ulisses, que eu já tinha conhecido em outra oportunidade, diz que as coisas “vão indo”. Fala da impossibilidade de atender algumas recomendações do Estado, pois o mesmo não dá condições para isso. "Como colocar freezer aqui, se não tem energia? Olha os “gatos” E estes banheiros? Ficam longe, sujos, são usados para o consumo de drogas."
Passamos pela banca do presidente da Associação dos Feirantes, mas o mesmo não se encontrava lá. João, então, resolve perguntar por Seu Antônio. Segundo sua irmã, Eleonora, ele estava em uma reunião e ela, que trabalha na Associação visitando as feiras e cadastrando o pessoal, estava substituindo-o nesse dia.
Ao falarmos da nossa pesquisa ela se mostrou interessada, a fim de conversar. Enquanto conversávamos algo interessante aconteceu: a pessoa que recebe o pagamento do aluguel das bancas de metal (os feirantes até então pagavam seis reais pelo dia) passa e para surpresa de Dona Eleonora a taxa tinha aumentado para sete reais, sem ninguém ter sido avisado. Ela diz que não irá pagar e liga para seu Antônio para saber se ele havia sido informado do aumento. Ele também não sabia e reafirma que não é para ninguém pagar.
Alguns feirantes que estavam próximos, depois de ela ter dito para eles não pagarem, falaram, preocupados, da possibilidade de serem deixados sem banca na outra semana. Ela continuou afirmando para não pagarem, que deixassem sem banca.
Por fim, depois de algumas manifestações de preocupação de serem deixados sem banca, ela concluiu: “Quem é associado não vai pagar, quem não for que pague!”.
Após esse ocorrido, nos despedimos dela e voltamos a caminhar pela feira em direção a saída. Olhei para João mas não disse nada, e ele com um balançar de cabeça e um sorriso confirmou que algo interessante perpassava aquela fala.
Fomos embora então, mas com a impressão de que, como disse João, a associação é dos associados.
Não que eu fosse totalmente “virgem” desse espaço repleto, ou melhor, atropelado, de gente, frutas, verduras, carnes, sensações. Costumava ir a feira com minha mãe há alguns anos quando morava em outro bairro, e embora não gostasse de acordar cedo aos sábados ia contente carregar as sacolas (aquele mingau que fazia de meu café da manhã, o iogurte de ameixa que levava para casa e o modo como os feirantes atendiam seus clientes sempre me chamavam atenção).
Bom, nesta minha segunda experiência ainda me sinto meio deslocado, não sei, tenho a impressão de que sou notado pelos olhares como um estranho... talvez seja só uma impressão.
Logo que chego, enquanto espero João - andar com ele parece me dá mais conforto, já que ele já não é um “estranho no ninho” – dou de cara com o carro da Emsurb no inicio da feira. Em seguida vejo um fiscal discutindo com um feirante enquanto outro “confisca” sua cesta de abacaxis. Como já fiquei sabendo não é permitido colocar produtos naquele local – no chão do início da feira.
Observo a cena: o mesmo feirante que teve seus abacaxis “confiscados” retira suas outras mercadorias para não perdê-las também, um vendedor de morangos diz que se eles vierem tomar a sua, ele joga no chão e pisa, mas não deixa eles levarem, o rapaz que vende Cd e Dvd aguarda os fiscais irem embora para abrir o porta malas e expor sua mercadoria enquanto seu som toca.
Enfim, observo tudo – que parece já pertencer ao cotidiano da feira – mas ainda meio distanciado. Ensaio ir conversar com o feirante do abacaxi mas acabo não indo, fico esperando João chegar.
João chega e vamos caminhar pela feira, alguns olhares de reconhecimento e acenos parecem dirigir-se para nós. Seu Ulisses, que eu já tinha conhecido em outra oportunidade, diz que as coisas “vão indo”. Fala da impossibilidade de atender algumas recomendações do Estado, pois o mesmo não dá condições para isso. "Como colocar freezer aqui, se não tem energia? Olha os “gatos” E estes banheiros? Ficam longe, sujos, são usados para o consumo de drogas."
Passamos pela banca do presidente da Associação dos Feirantes, mas o mesmo não se encontrava lá. João, então, resolve perguntar por Seu Antônio. Segundo sua irmã, Eleonora, ele estava em uma reunião e ela, que trabalha na Associação visitando as feiras e cadastrando o pessoal, estava substituindo-o nesse dia.
Ao falarmos da nossa pesquisa ela se mostrou interessada, a fim de conversar. Enquanto conversávamos algo interessante aconteceu: a pessoa que recebe o pagamento do aluguel das bancas de metal (os feirantes até então pagavam seis reais pelo dia) passa e para surpresa de Dona Eleonora a taxa tinha aumentado para sete reais, sem ninguém ter sido avisado. Ela diz que não irá pagar e liga para seu Antônio para saber se ele havia sido informado do aumento. Ele também não sabia e reafirma que não é para ninguém pagar.
Alguns feirantes que estavam próximos, depois de ela ter dito para eles não pagarem, falaram, preocupados, da possibilidade de serem deixados sem banca na outra semana. Ela continuou afirmando para não pagarem, que deixassem sem banca.
Por fim, depois de algumas manifestações de preocupação de serem deixados sem banca, ela concluiu: “Quem é associado não vai pagar, quem não for que pague!”.
Após esse ocorrido, nos despedimos dela e voltamos a caminhar pela feira em direção a saída. Olhei para João mas não disse nada, e ele com um balançar de cabeça e um sorriso confirmou que algo interessante perpassava aquela fala.
Fomos embora então, mas com a impressão de que, como disse João, a associação é dos associados.