domingo, 31 de maio de 2009

Das ruas. Das histórias.

Como a gente bem sabe, os trabalhos não obedeceram aos fechamentos trimestrais, pois o tempo inteiro era de uma outra ordem, na qual as palavras e as coisas se atravessavam e constituiam-se a medida que caminhávamos no processo fundando uma logica de funcionamento. Assim também vejo os limites dos planos ou mesmo das duas pesquisas, pois estes eram porosos possibilitando misturas, contaminações através do diálogo.
Abaixo estão alguns apontamentos (por)sobre o plano de trabalho ao qual me inscrevo. Penso que o tempo que nos resta pode servir pra efetuar alguns fechamento e possibilitar outros caminhos, já que daremos continuidade a pesquisa por mais um ano no mínimo. E aqui abro para os comentários.

...
Plano de trabalho: A rua, o espaço urbano e a história.

Agosto, setembro e outubro de 2008

Realizar levantamento bibliográfico relacionado à história do espaço urbano, bem como seus modos de funcionamento e de organização, compreendendo o mundo ocidental naquilo que se configura como medieval, moderno e contemporâneo.
Ler e fichar o material bibliográfico recolhido.
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
Apresentar a cada mês, o resultado do trabalho, de modo que o grupo possa interagir com o mesmo que é específico de cada estudante.
Iniciar o processo de observação de campo e dos objetos que estão sendo problematizados no trabalho.
Participação no seminário de metodologia da pesquisa.

Acho que conseguimos realizar um levantamento bibliográfico de modo suficiente, porém poderíamos ter “perdido” um tanto mais de tempo em relação a ele. Reuniões realizadas com freqüência e com certeza de grande importância pra construção do trabalho. Apresentação e problematização do trabalho de campo realizada de corpo presente nas reuniões ou mesmo aqui pelo blog através dos diários de campo construídos no decorrer das observações.

Novembro, dezembro (2008) e janeiro (2009)

Produzir do relatório semestral a ser encaminhado ao Pibic.
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
Observação sistemática (na feira-livre, semanalmente; e no bairro duas vezes por semana) do campo e dos objetos que estão sendo problematizados no trabalho.
Registro de imagens de cenas dos espaços observados.
Atividade de leitura e produção de textos

Relatório produzido. Reuniões freqüentes do grupo. As observações foram feitas semanalmente, na medida do possível, porém não foram efetuadas observações sistemáticas do bairro, a não ser ocasionalmente. Faltamos também quanto ao registro imagético.

Fevereiro, março e abril de 2009

Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
Iniciar processo de análise dos registros feitos durante o trabalho de observação.
Realização de entrevistas com feirantes e carroceiros.
Atividade de leitura e produção de textos
Realizar a transcrição das entrevistas.

Participação efetiva das reuniões de grupo. Imagino que o processo de análise se deu o tempo inteiro em que estivemos inseridos no campo, lendo, escrevendo, conversando. Entrevistas sistemáticas não foram realizadas, porém conversamos bastante com pessoas da feira e estas conversas foram descritas nos diários de campo.

Maio, junho e julho de 2009

Produção de relatório final.
Articulação desse plano de trabalho, com os demais planos envolvidos nessa atividade de pesquisa.
Produção de trabalhos acadêmicos que possam ampliar a discussão sobre os usos do espaço urbano na cidade de Aracaju.

Esta análise de nosso trabalho já faz parte do processo de produção de um relatório final. A articulação entre este plano e o de Mairla sempre existiu, pois trabalhamos juntos o tempo inteiro visto que nossos planos se atravessam. Trabalhos acadêmicos estão sendo pensados e outros já foram apresentados, além da participação em encontros discutindo cidade.

...
Achei ótima a idéia do Lázaro de colocar a bibliografia aqui, pode servir para perceber por onde estão indo meus pensamentos, bem como sugestão de leitura.

Pretendo incrementar o trabalho com mais história do espaço urbano, e aqui inclui o "Estatuto da cidade" - lei que regula o desenvolvimento urbano no pais. Essa história contada nos ajuda a pensar os modos como vivemos na cidade hoje e como se operam as invenções cotidianas que produzem história do presente. Alguns dos textos abaixo ainda não foram estudados, porém lidos, e pelo que eu vi podem ajudar na problematização a qual nos propomos.

Bibliografia:


AUGÉ, Marc. Por uma antropologia dos mundos contemporâneos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
BAPTISTA, Luis A. A cidade dos sábios. São Paulo: Summus, 1999.
________. Walter Benjamin e os anjos de copacabana. in: Revista Educação Especial: Biblioteca do Professor n° 7, 2008.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2007.
FOUCAULT, Michel. Resumos dos cursos do Collège de France. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
________.Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.
________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2007.
________. A vida dos homens infames. in: FOUCAULT, M. Ditos e Escritos IV: Estratégias poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1993.
KASTRUP, Virgínia. Funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo. In: Psicologia & sociedade, v. 19, n. 1, p. 15-22, jan/abr. 2007a.
________. A invenção de si e do mundo: uma introdução do tempo e do coletivo no estudo da cognição. Belo Horizonte: Autêntica, 2007b.
LAPLANTINE, François. A descrição etnográfica. São Paulo: Terceira Margem, 2004.
LOPES, Kleber Jean Matos. Modos de atenção na cidade além da conta: uma reflexão sobre lugares e não lugares. In: Revista estudos e pesquisa em psicologia – dossiê cidades. v. 7, n. 2. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2007.
________. Tal qual um Beatles na capa daquele álbum que não recordo o nome ou sobre as possibilidades de controle na cidade contemporânea. In: VASCONCELOS, J. G., ADAD, S. J. H. C. (orgs.). Coisas de cidade. Fortaleza: Editora UFC, 2005.
MACHADO, R. et alli. A (da)nação da norma: medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1978.
RAGO, Margareth. Libertar a história. in: RAGO, M; ORLANDI, B. L.; VEIGA-NETO, A. Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
RODRIGUES, Heliana de B. C. Para desencaminhar o presente Psi: biografia, temporalidade e experiência em Michel Foucault. in: Foucault e a Psicologia. Porto Alegre: Abrapso Sul, 2005.
RODRIGUES, José C. Higiene e ilusão: o lixo como invento social. Rio de Janeiro: NAU, 1995.
________. O corpo na história. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1999.
ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina; Editora da UFRGS, 2007.
SALAZAR, Gabriel. Ferias libres: espacio residual de soberanía ciudadana. Colección Intervenciones en la Ciudad. Santiago de Chile: Ediciones SUR, 2004.
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura na Argentina. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.
SENNETT, Richard. Carne e pedra. Rio de Janeiro: Record, 2006.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ascese e bioasce na terceira idade ("reflexionando")


PLANO DE TRABALHO: A ascese na terceira idade

Agosto, setembro e outubro de 2008.
1) Realizar levantamento bibliográfico relacionado às experiências de ascese na história da filosofia e a implicação de seu uso nos modos de constituição de si e do espaço experimentado.
2) Ler e fichar o material bibliográfico recolhido.
3) Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
4) Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade
5) Produção de diário de campo em relação à participação no grupo.
6) Participação no seminário de metodologia da pesquisa.

Novembro, dezembro (2008) e janeiro (2009).
1) Produzir do relatório semestral a ser encaminhado ao Pibic.
2) Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
3) Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade.
4) Produção de diário de campo em relação à participação no grupo.
5) Registro de imagens de cenas dos espaços observados.
6) Atividade de leitura e produção de textos

Fevereiro, março e abril de 2009.
1. Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
2. Iniciar processo de análise dos registros feitos durante o trabalho com o grupo.
3. Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade.
4. Produção de dinâmicas para o grupo de terceira idade. .
5. Atividade de leitura e produção de textos

Maio, junho e julho de 2009.
1. Produção de relatório final.
2. Articulação desse plano de trabalho, com os demais planos envolvidos nessa atividade de pesquisa, para efeito de produção do relatório final.



Dos pontos estabelecidos no plano de trabalho dá para apontar quatro que não foram cumpridos nos prazos determinados. Eles estao assinalados em negrito.

A respeito do primeiro ponto é crucial para a discussão sobre como se constitui a velhice nos dias de hoje. De certo modo, a discussão não foi de toda deixada de lado, a partir do texto de Francisco Ortega, da obra “Saber Envelhecer” de Cícero e – brevemente – com Rute Bacelar.

Bom, o ruim mesmo é que a discussão, assim parece estar sugerido no Plano, deveria ser sobre ascese de modo geral, não referindo-se exclusivamente à velhice. É mais ou menos esse o percurso feito por Ortega, mas, não tão profundamente quanto o necessário. Agora também não acho que se possa dar conta dessa profundidade, do mesmo modo que não tenho segurança o suficiente para teorizar sobre... Fico esperando Kleber sugerir. O que tocar a gente dança.
Quanto ao Seminário de Metodologia, lembro que era uma proposta de Kléber. Não sei do que se trataria.
...

O terceiro ponto, para mim, parece ser o mais complicado. Acredito que possa até analisar conceitos como “implicação”. “envolvimento”, “afetação”, durante os meses de freqüência ao grupo, mas acho muito difícil falar sobre a experiência de lá se referindo a ela como processo analítico da terceira idade. Pode ser resquícios de “tempos metodológicos” idos, mas prefiro acreditar nisso a cair na vã ilusão.

Não sem muito de desconfiança, até a próxima quarta tentarei recolher impressões, registros e dados e tentarei escrever algo parecido com “Resultados”. Acho posso prometer isso, apesar de saber que passa longe do melhor que poderia ter feito.

A respeito da produção de dinâmicas para os idosos, acho que os meninos tentaram isso no Lions, quando se pediu que levassem textos escritos por eles. Como já sabemos, a idéia não foi muito bem recebida. Como andei falando com algumas idosas e percebi uma certa dependência em relação ao Marcos para que qualquer coisa fosse feita, acho que seria ponto interessante para a discussão dos outros dois planos se referir à tentativa fracassada de introduzir atividades no grupo sobre a perspectiva de a aceitação dos idosos de uma atividade parecia atrelar-se à figura do dragão. Pode ser isso ou apenas desencargo de consciência...

Ainda sobre esse último ponto, estou tentado a dizer que ainda poder-se-ia dar conta dele. Especialmente agora que o grupo está praticamente desfeito (o que seria muito interessante para a pesquisa) e que ascese e bioascese se refeririam às vidas dos velhos e idosos para além das reuniões na terça. Se assim o fosse, ao invés de dinâmicas, poderia-se conversar com alguns deles. Se parece desmedido, desconsiderem...

Para acabar, fiquei intrigado com a afirmação de Kleber de que havíamos lido muito (achava eu que não o suficiente), então decidi catalogar o que li durante o ano de pesquisa. De certa maneira me confortei, mas uma coisa é ler sobre, outra é pesquisar sobre. Acho que não posso esquecer disso. Lá vão as referencias:
BACELAR, Rute. Envelhecimento e Produtividade: processos de subjetivação. Recife: FASA, 2002.
BARROS, M. M. L. de. Velhice na contemporaneidade. In: Família e envelhecimento. PEIXOTO, Clarice E. (org.). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
BOTELHO, J. A. Limites e possibilidades da terceira idade. IN: Revista Vita de Gestal-
CASTRO, A. M. A produção da terceira idade: o discurso do especialismo. (apresentação de comunicação oral). Caribe, 2004.
CÍCERO, M. T. Saber Envelhecer e A Amizade. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Terapia. Ano I, n I, 2005
DALLA VECCHIA, R., RUIZ T., BOCCHI, S. C. M. e CORRENTE, J. E. Qualidade de vida na terceira idade. Revista Brás Epidemiol. 2005, 8(3): 246-52
FOUCAULT, M. Doença Mental e psicologia. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.
FOUCAULT, M. O Nascimento da Medicina Social. In: FOUCAULT, M. Microfísica do
Poder. Rio de Janeiro: Grall, 1993.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas, São Paulo: Papirus, 1993.
JORNAL PUBLICO. Este país vai ter de ser para velhos (e todos os outros também). Tiragem:59760. Portugal, 10/04/2008.
KASTRUP, V. A cartografia como método. s/d.
___________ A invenção de si e do mundo. Uma introdução do tempo e do coletivo no estudo da cognição. Belo Horizonte: Autentica, 2007.
LAPLATINE, François. A descrição etnográfica. São Paulo: Terceira Margem, 2004.
ORTEGA, Francisco. Da ascese à bioacese ou do corpo submetido à submissão do corpo, In: Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. Orgs RAGO, M; ORLANDI, L. L. e VEIGA-NETO, A. Rio de Janeiro: DP&A, 2002 (pp. 9-20)
PINHEIRO JUNIOR, G. Sobre alguns conceitos e características de velhice e terceira idade: uma abordagem sociológica. In: Linhas, vol. 06, nº 01. Florianópolis 2004.
PRADO, Shirley D. e SAYD, Jane D. A pesquisa sobre envelhecimento humano
no Brasil: pesquisadores, temas e tendências.???????????????????????????
SOUSA, Manuela O Papel dos Avós na Sociedade Contemporânea. A União - Jornal Online, 29/07/2007. http://www.auniao.com/ler.php?id=5782

Feiras livres, higiene e modos de invenção de si

Vou seguir todo o texto com base na estrutura do plano de trabalho do projeto, ou seja, indicando as atividades de acordo com o esperado no trimestre (que no caso, são quatro). Citando as atividades, que acho, foram realizadas conforme planejávamos, as que não e como vejo que podemos melhorar isso na produção do relatório final.

Agosto, setembro e outubro de 2008
Realizar levantamento bibliográfico relacionado à história do espaço urbano e o investimento político-econômico sobre os procedimentos de salubridade, compreendendo o mundo ocidental naquilo que se configura como medieval, moderno e contemporâneo.
Ler e fichar o material bibliográfico recolhido.
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
Apresentar, a cada mês, o resultado do trabalho, de modo que o grupo possa interagir com o mesmo que é específico de cada estudante.
Iniciar o processo de observação de campo e dos objetos que estão sendo problematizados no trabalho.
Participação no seminário de metodologia da pesquisa.


Nesse primeiro trimestre, vejo que as atividades de levantamento bibliográfico, leituras, participação de reuniões, inicio das observações no campo, confecção dos diários de bordo e mesmo a interação com o grupo foram realizadas de forma bastante proveitosa. Tivemos um aproveitamento de textos, por exemplo, a Invenção de si e do mundo da Kastrup, que passou de uma única leitura servindo como texto-base para a pesquisa.
Em relação ao meu relatório e esse material, poderia focar mais nas idéias trazidas pela Kastrup, como a analítica da verdade e ontologia do presente que acabei deixando para trás no relatório parcial. Vejo como umas das referências importantes para a pesquisa e essencial para continuidade e elaboração de trabalhos futuros. Além de ter me dado mais tempo nessa leitura e ter discutido em outros espaços que não nossas reuniões, ter ajudado a enxergar a feira com outros olhos, entender uma certa inventividade na nossa forma de trabalhar na feira, e como ela mesma se faz.
Sobre medicina social e controle dos corpos, do que nos fala Foucault, é o que eu preciso focar mais também no relatório final. Para fechar bem uma possível análise das condições daquilo que se produz como articulação entre as políticas de controle da vida e modos de invenção de si.

Novembro, dezembro (2008) e janeiro (2009)
Produzir do relatório semestral a ser encaminhado ao Pibic
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
Observação sistemática (na feira-livre, semanalmente; e no bairro duas vezes por semana) do campo e dos objetos que estão sendo problematizados no trabalho.
Registro de imagens de cenas dos espaços observados.
Atividade de leitura e produção de textos

Daqui poderíamos destacar no relatório final como funcionou nossa produção do relatório parcial em grupo. A produção de textos sobre os relatórios um dos outros e a posterior publicação no blog nos rendeu bons comentários e uma maior aproximação com escrita do outro. Também destacar o blog como um prolongamento das nossas reuniões é um dispositivo importante para divulgação e amostra do trabalho que está sendo realizado.
O que ficamos em falta foi com o registro de imagens. Mas, como essa pesquisa terá continuidade para mais um ano, teremos tempo de planejarmos juntamente com as atividades propostas para tal. Outra coisa que não focamos muito também foi a visita ao bairro duas vezes por semana apesar de fazermos isso esporadicamente quando passávamos por ali. Mas não demos muito foco nesse ponto.



Fevereiro, março e abril de 2009
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
Iniciar processo de análise dos registros feitos durante o trabalho de observação.
Realização de entrevistas com feirantes e carroceiros.
Atividade de leitura e produção de textos
Realizar a transcrição das entrevistas.

Aqui nesse trimestre ficamos em falta com as entrevistas e dirá sua transcrição. O que tenho duvidas se seriam mesmo realizadas e se estão planejadas para próximo ano.Lembrando de falar sobre o trabalho com as carroças que não conseguimos dar conta!

Maio, junho e julho de 2009
Produção de relatório final.
Articulação desse plano de trabalho, com os demais planos envolvidos nessa atividade de pesquisa.
Produção de trabalhos acadêmicos que possam ampliar a discussão sobre os usos do espaço urbano na cidade de Aracaju.

Nesse relatório final acho que o foco deve ser toda nossa experiência na feira falando mais dos acontecimentos, citando algumas histórias e situações. Como: surgimento da associação dos feirantes, a aumento do preço da banca, a morte da moça que vendia cocos, o aniversario de um ano sem luz de uma outra feira, a morte de um feirante em uma feira da cidade e pontuar como isso sustenta nosso olhar. Relatando e expondo nossas experiências na feira juntamente com as idéias de políticas de saúde publica e controle das vidas e do espaço, vamos deixando mais claro nossas intenção sobre o porquê de estudar o espaço o urbano. Carregar mais na descrição de como foi a observação na feira, a sua inserção nela, as interferências, as escutas, os relatos de histórias, os acontecimentos que consideramos importantes; enfim, isso tudo aponta para o que será nosso foco futuro e também as minhas principais intenções nesse trabalho.
Sobre a produção de trabalhos acadêmicos como diz James “trabalho, trabalho, trabalho” e estamos caminhando para isso.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Políticas Públicas, Terceira Idade e algum trabalho pela frente...

Pois bem! Acabo de reler o plano de trabalho, naquela esperança romântica de que um gênio inspirador me cedesse a sua graça, brindando-me com alguma obra plena e completa. Deu certo! E nem precisei de orações, oferendas, sacrifícios e outras asceses afins. Já estava tudo lá. Lia o texto - ao lado do gênio, palpiteiro que só! - e ele ia me apontando as coisas: "isto tu já fizeste... isto em parte... isto não... isto, deveras, só com os outros..." e delineei, com minhas curtas idéias, uma nova trajetória que, caso não seja tão penosa quanto imagino, será longa o suficiente para me render algumas histórias. Vou recortar e colar, aqui, os imperativos do Plano de Trabalho a mim concedido, e fiarei comentários a respeito. Faço-o, pois acho justo os senhores palpitarem em minha poesia e no sentido que ela está tomando...
Agosto, setembro e outubro de 2008.
Realizar levantamento bibliográfico relacionado à história das biopolíticas no mundo moderno;
Analisar biopolíticas atuais voltadas para os idosos no país, no que tange a produção de saúde e de atividade;
Ler e fichar o material bibliográfico recolhido;
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa;
Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade;
Produção de diário de campo em relação à participação no grupo;
Participação no seminário de metodologia da pesquisa.
A bibliografia por mim tratada sobre biopolíticas, embora rica em nutrientes [O Nascimento da Medicina Social e Governamentalidade, do Foucaul, e o texto sobre ascese, do Ortega...] carece de quantidades. Como textos outros, pretendo resenhar O Combate da Castidade, O Uso dos Prazeres e as Técnicas de Si e A Tecnologia Política dos Indivíduos, três textos do Foucault que me foram repassados por Kleber, naquela distribuição tresloucada de apostilas, além de A Memória no Outono, um artigo que articula memória e idosos. Sobre as nossas reuniões semanais, as realizamos a contento. A meu contento, ao menos! A aproximação com o grupo de idosos foi frutífera, frutos semanais, ao contrário das quinzenas inicialmente planejadas. Sobre o diário de campo, então, nem discorrerei! Só ficamos em falta, neste trimestre, quanto ao seminário de metodologia.
Novembro, dezembro (2008) e janeiro (2009).
Produzir do relatório semestral a ser encaminhado ao Pibic;
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa;
Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade;
Produção de diário de campo em relação à participação no grupo;
Registro de imagens de cenas dos espaços observados;
Atividade de leitura e produção de textos;
Todas as metas foram realizadas a contento, a exceção do registro de imagens (que podemos sanar com os vídeos e fotografias mil do Marcos Monteiro) e da atividade de leitura (que julguei fraca e indolente; por minha parte, mesmo... Mas tentarei remediar minha estultícia com o material acima citado).
Fevereiro, março e abril de 2009.
Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa;
Iniciar processo de análise dos registros feitos durante o trabalho com o grupo;
Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade;
Produção de dinâmicas para o grupo de terceira idade;
Atividade de leitura e produção de textos.
Enfim... Ainda não iniciamos as analíticas e demais hermenêuticas. E - confesso! - nem sei como proceder! Quanto aos nossos movimentos no Lyons, não lembro de nenhum dispositivo nosso conscientemente inserido no grupo, a não ser aquela fracassada [aspeiem até dizer chega] tentativa de sarau. Leitura já foi comentado, agora quanto à produção de textos... Atualizou-se, em minha memória, o lance dos artigos. Confesso que a história e a História da ascese me seduz, e muito...

Maio, junho e julho de 2009.
Produção de relatório final;
Articulação desse plano de trabalho, com os demais planos envolvidos nessa atividade de pesquisa, para efeito de produção do relatório final;
Produção de trabalhos acadêmicos que possam ampliar a discussão sobre os impactos das
políticas públicas voltadas para a população idosa.

Trabalho, trabalho e trabalho! Vamos nessa, então! Sem mais...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

sobre Paul Virilio - A máquina de visão

Engraçado como antes desse livro eu ainda não tinha reparado em um aspecto tão importante da luz como o de possibilitar que as coisas sejam vistas. Do que adiantaria um aparato sensorial de visão perfeito se a luz não o complementasse expondo a ele algo a ser visto? E aí entra também um outro elemento fundamental nesse jogo de manipulação da luz e da visão: a sombra. Esta permite ocultar e manter reservado aquilo que não quer se mostrar. Muito perigoso isso! Pra mim, isso tem como conseqüência, no mínimo, a sensação de estar nas mãos de alguém que pode decidir sobre aparece na minha realidade ou não, como naqueles brinquedos de montar, o Lego, assim, a depender da boa (ou má) vontade de alguém que possui todas as peças e monta o cenário somente com aquelas que deseja, ou, em outras palavras, de alguém que manipula a luz e a sombra fazendo aparecer somente aquilo que lhe convém. Acho que Descartes entenderia um pouco do que estou falando, só que ele tinha o conforto de crer que era um Deus ou gênio maligno que brincava com seu destino. Mas do jeito que Virilio expõe essas questões, ele nos apresenta a tosca e desconfortável realidade de estarmos nas mãos de outros mortais. Como resultado de estar nas mãos dos homens o poder sobre a luz e a sombra, vemos um tal abuso desse poder ao extremo de se apoderar do fenômeno da visão humana com o intuito de dominar, prever, reproduzir e substituir (me dá até calafrios!). Para isso, primeiro teve-se que quantificar tal fenômeno e subjugá-lo a leis que não o antecedem. Daí decorre que a visão se viu reduzida a essa parte quantificável perdendo seu caráter imaginativo. Depois desse primeiro passo os seguintes foram mais fáceis, baseando-se apenas na aplicação das leis criadas em superfícies não-humanas. Veja que dar a máquinas características humanas foi a parte fácil porque antes disso os homens é que foram maquinizados!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Um gosto de vidro e corte¹

Um senhor de farda e óculos escuros, rosto de quem carrega o peso de alguma coisa disse da violência que ocorre nas feiras de Aracaju: “sei apenas de um caso: o do feirante que foi assassinado no Agamenon Magalhães por ter reagido a um assalto. E um caso não é dado estatístico”. Os homens de farda efetuam um trabalho ostensivo inteligente, ou seja, verificam situação por situação, problema por problema e de forma técnica, dizem não ter dados estatísticos sobre assaltos e mortes nas feiras. Ele completa: “às vezes dizem que em certa região está acontecendo vários assaltos e quando mandamos verificar, ocorreu apenas um.”. Apenas um.

Neste mês passado, à luz de velas e sabor de bolo com refrigerante, comemorou-se um ano de falta de iluminação na feira-livre do Augusto Franco, um bem humorado pedido por mínima segurança. Seu Antônio, vendedor de tipos de queijos e laticínios e também presidente da Associação de Feirantes declara que a entidade já fez várias reclamações às autoridades competentes, porém nenhuma foi atendida e assim inventa um modo de contornar as intempéries: “eu mesmo, como já fui vítima, pego todo o dinheiro e mando por uma pessoa antes.”, “e não fui eu apenas. Aqui os assaltos são constantes. Quase todo mundo já perdeu dinheiro, carro e até mesmo a mercadoria. Os consumidores não são poupados, o que vem gerando um clima de medo no local”.

O noticiário informa que, conforme dizem os feirantes, as regiões de maior fluxo de gente são as mais afetadas pela violência, a exemplo dos conjuntos Augusto Franco, Orlando Dantas, Agamenon Magalhães, Dom Pedro, Lourival Batista, bairros Siqueira Campos, Dezoito do Forte. Acerca de um mês atrás morreu um feirante na Av. São Paulo, o seu Antônio disse que “antes os delinquentes deixavam os trabalhadores vivos, agora além de levar a renda, já estão matando”. Este foi apenas um caso, não estatística.

Adriano de Jesus Oliveira, 30 anos, outro feirante, não é um dado estatístico, talvez o mais novo apenas um. Sua morte provocou comoção entre os moradores do Agamenon Magalhães na tarde do dia 17 do ultimo mês, após assalto a mão armada no meio da rua, em plena luz do dia. Não me lembro de ter conhecido o Adriano, nem ao menos sei o que vendia e se ao menos trabalhava na feira do Castelo Branco, o nome Adriano de Jesus Oliveira é retrato e na feira as palavras, os gestos e as coisas são de vez; é então um corpo, e sua morte acaba por também matar, em mim, possibilidades de conhecer por onde passa a vida.

Não se fala nada além de sua morte, a fotografia feia da insegurança urbana é o que interessa, sua microhistória pouco importa afinal ele é um estudo de caso do medo. Sua morte não presta nem mesmo para dado estatístico; os homens infames², de cotidianos pequenos, não têm direito a uma história. A rua como lugar de possibilidade morre um tanto mais sem o Adriano e sua história e enrijece enquanto lugar do medo. Na feira híbrida um “sonho estranho” acontece, na boca fica “um gosto de vidro e corte/.../no corpo e na cidade/um sabor de vida e morte”³.

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¹ Impressões sobre o texto disponível em: http://www.infonet.com.br/cidade/ler.asp?id=84892&titulo=especial

² FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. in: FOUCAULT, Michel. Estratégias poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

³ Fragmento da canção San Vicente de Milton Nascimento e Fernando Brant, Clube da Esquina, 1972