sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ascese e bioasce na terceira idade ("reflexionando")


PLANO DE TRABALHO: A ascese na terceira idade

Agosto, setembro e outubro de 2008.
1) Realizar levantamento bibliográfico relacionado às experiências de ascese na história da filosofia e a implicação de seu uso nos modos de constituição de si e do espaço experimentado.
2) Ler e fichar o material bibliográfico recolhido.
3) Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
4) Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade
5) Produção de diário de campo em relação à participação no grupo.
6) Participação no seminário de metodologia da pesquisa.

Novembro, dezembro (2008) e janeiro (2009).
1) Produzir do relatório semestral a ser encaminhado ao Pibic.
2) Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
3) Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade.
4) Produção de diário de campo em relação à participação no grupo.
5) Registro de imagens de cenas dos espaços observados.
6) Atividade de leitura e produção de textos

Fevereiro, março e abril de 2009.
1. Participar das reuniões semanais do grupo de pesquisa.
2. Iniciar processo de análise dos registros feitos durante o trabalho com o grupo.
3. Participar duas vezes por mês de atividades junto ao grupo de terceira idade.
4. Produção de dinâmicas para o grupo de terceira idade. .
5. Atividade de leitura e produção de textos

Maio, junho e julho de 2009.
1. Produção de relatório final.
2. Articulação desse plano de trabalho, com os demais planos envolvidos nessa atividade de pesquisa, para efeito de produção do relatório final.



Dos pontos estabelecidos no plano de trabalho dá para apontar quatro que não foram cumpridos nos prazos determinados. Eles estao assinalados em negrito.

A respeito do primeiro ponto é crucial para a discussão sobre como se constitui a velhice nos dias de hoje. De certo modo, a discussão não foi de toda deixada de lado, a partir do texto de Francisco Ortega, da obra “Saber Envelhecer” de Cícero e – brevemente – com Rute Bacelar.

Bom, o ruim mesmo é que a discussão, assim parece estar sugerido no Plano, deveria ser sobre ascese de modo geral, não referindo-se exclusivamente à velhice. É mais ou menos esse o percurso feito por Ortega, mas, não tão profundamente quanto o necessário. Agora também não acho que se possa dar conta dessa profundidade, do mesmo modo que não tenho segurança o suficiente para teorizar sobre... Fico esperando Kleber sugerir. O que tocar a gente dança.
Quanto ao Seminário de Metodologia, lembro que era uma proposta de Kléber. Não sei do que se trataria.
...

O terceiro ponto, para mim, parece ser o mais complicado. Acredito que possa até analisar conceitos como “implicação”. “envolvimento”, “afetação”, durante os meses de freqüência ao grupo, mas acho muito difícil falar sobre a experiência de lá se referindo a ela como processo analítico da terceira idade. Pode ser resquícios de “tempos metodológicos” idos, mas prefiro acreditar nisso a cair na vã ilusão.

Não sem muito de desconfiança, até a próxima quarta tentarei recolher impressões, registros e dados e tentarei escrever algo parecido com “Resultados”. Acho posso prometer isso, apesar de saber que passa longe do melhor que poderia ter feito.

A respeito da produção de dinâmicas para os idosos, acho que os meninos tentaram isso no Lions, quando se pediu que levassem textos escritos por eles. Como já sabemos, a idéia não foi muito bem recebida. Como andei falando com algumas idosas e percebi uma certa dependência em relação ao Marcos para que qualquer coisa fosse feita, acho que seria ponto interessante para a discussão dos outros dois planos se referir à tentativa fracassada de introduzir atividades no grupo sobre a perspectiva de a aceitação dos idosos de uma atividade parecia atrelar-se à figura do dragão. Pode ser isso ou apenas desencargo de consciência...

Ainda sobre esse último ponto, estou tentado a dizer que ainda poder-se-ia dar conta dele. Especialmente agora que o grupo está praticamente desfeito (o que seria muito interessante para a pesquisa) e que ascese e bioascese se refeririam às vidas dos velhos e idosos para além das reuniões na terça. Se assim o fosse, ao invés de dinâmicas, poderia-se conversar com alguns deles. Se parece desmedido, desconsiderem...

Para acabar, fiquei intrigado com a afirmação de Kleber de que havíamos lido muito (achava eu que não o suficiente), então decidi catalogar o que li durante o ano de pesquisa. De certa maneira me confortei, mas uma coisa é ler sobre, outra é pesquisar sobre. Acho que não posso esquecer disso. Lá vão as referencias:
BACELAR, Rute. Envelhecimento e Produtividade: processos de subjetivação. Recife: FASA, 2002.
BARROS, M. M. L. de. Velhice na contemporaneidade. In: Família e envelhecimento. PEIXOTO, Clarice E. (org.). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.
BOTELHO, J. A. Limites e possibilidades da terceira idade. IN: Revista Vita de Gestal-
CASTRO, A. M. A produção da terceira idade: o discurso do especialismo. (apresentação de comunicação oral). Caribe, 2004.
CÍCERO, M. T. Saber Envelhecer e A Amizade. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Terapia. Ano I, n I, 2005
DALLA VECCHIA, R., RUIZ T., BOCCHI, S. C. M. e CORRENTE, J. E. Qualidade de vida na terceira idade. Revista Brás Epidemiol. 2005, 8(3): 246-52
FOUCAULT, M. Doença Mental e psicologia. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.
FOUCAULT, M. O Nascimento da Medicina Social. In: FOUCAULT, M. Microfísica do
Poder. Rio de Janeiro: Grall, 1993.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. Campinas, São Paulo: Papirus, 1993.
JORNAL PUBLICO. Este país vai ter de ser para velhos (e todos os outros também). Tiragem:59760. Portugal, 10/04/2008.
KASTRUP, V. A cartografia como método. s/d.
___________ A invenção de si e do mundo. Uma introdução do tempo e do coletivo no estudo da cognição. Belo Horizonte: Autentica, 2007.
LAPLATINE, François. A descrição etnográfica. São Paulo: Terceira Margem, 2004.
ORTEGA, Francisco. Da ascese à bioacese ou do corpo submetido à submissão do corpo, In: Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. Orgs RAGO, M; ORLANDI, L. L. e VEIGA-NETO, A. Rio de Janeiro: DP&A, 2002 (pp. 9-20)
PINHEIRO JUNIOR, G. Sobre alguns conceitos e características de velhice e terceira idade: uma abordagem sociológica. In: Linhas, vol. 06, nº 01. Florianópolis 2004.
PRADO, Shirley D. e SAYD, Jane D. A pesquisa sobre envelhecimento humano
no Brasil: pesquisadores, temas e tendências.???????????????????????????
SOUSA, Manuela O Papel dos Avós na Sociedade Contemporânea. A União - Jornal Online, 29/07/2007. http://www.auniao.com/ler.php?id=5782

Um comentário:

Kleber disse...

Oi Lázaro, sua escrita me provoca algumas intensidades e densidades. Da ordem da intensidade, diria da sua modéstia exagerada, assim como de algo que não sei nominar, mas que aponta para uma espécie de “iminência gestáltica”. Tipo: não fechamos ainda, mas haveria um fechamento por fazer. Acho que isso se relaciona as leituras de ascese e a questão do seminário de metodologia. Mas das intensidades não se demanda prova. A experiência é breve e o sentido vai como o ar no vento. Muitas vezes leve, as vezes pesado, mas sempre ar.
Das densidades, digo de como urge em mim uma crise atravessada por uma necessidade de correção temporal. O tempo dos outros nos aflige. Aflige-me. Daí, muitas vezes, desconsidero um tanto esse tempo do outro que desconheço. Os tempos institucionalizados apontam para isso. Convivemos com ele na medida do possível. Esse é o real que percebo.
A sua palavra procede e me coloca diante disso que não posso tomar por intensidade, pois assim seria uma desculpa. Nosso organograma tem equívocos, como eu ter usado a expressão DINÂMICA. Seria melhor: intervenções. Isso fizemos, quase sempre. De corpo presente, vocês.
Um corpo quando anunciado torna-se corporeidade onde está presente. Talvez fosse o caso de observar o texto da Heliana; Para desencaminhar o presente Psi.
Lá podemos marcar nessa corporeidade a virtude do Dragão e do São Jorge. O Dragão era a chama ascética num projeto bio-ascético. São Jorge, como um santo, só aparece para as almas puras. Não somos. Assim, não o vimos. Mas ele fez o seu trabalho. “Era uma vez um grupo e a morte anunciada de uma devoção”.
Vida que segue e que você asceticamente permaneça nos brindando com suas provocações.
Abraço!