domingo, 11 de dezembro de 2011

Na beleza do trabalho de Eder

Eder, você é um éter.


um modo-risco, que risca as páginas

e na leitura faz passar paisagens //

que trazem e levam espaços e tempos

cotidianamente embriagados.

Bêbadas imagens que teimam

em explicar (des)explicando,

aquilo que prescinde explicação.

Uma experiência não tem explicação quando viva.

Por isso, a cada dia se dê viva a experiência,

viva a fluência obstinada da vontade de alegrar,

sendo alegre, ainda.

E afirmar essa alegria como quem canta,

e mesmo quando gemendo,

o gemido como que assobia,

como pássaro ou como éter,

melhor, como Eder.

Eder passarinho, essa espécie de errante natural

que acerta os lugares

e não sabe o motivo, //

sem bússola viaja o mundo,

sem que da causa advenha comprimidos

receitas, consultas e remédios.

É complexo singelo, o voo pássaro //

como o é também o éter absorvido.

Cada linha-inalação diz em mim

de um poema-dissertação.

Não são linhas, são versos //

versos distraídos

que narram um presente

de uma cidade qualquer,

com habitantes singulares,

habitantes na rua, embebidos de rua //

mesmo aqueles que não a enxergam.

E não enxergar pode ser virtude,

quando o que se mostra é mais do mesmo.

Etereamente vai Eder-éter-passarinho

singrando os ares que a cidade

respira, transpira e conspira //

fazendo falar campos adversários;

acertou Foucault ou ficou com Certou?

Michel, michel, (...) michel, michel.

Inventa conexões, atravessamentos //

faz o trabalho do vento

que mistura os ares

e quase nunca lhes dá forma //

deixa isso para os menos iluminados.

“Vento que balança as palhas do coqueiro”

vento que não descansa,

trabalha de noite e de dia

assim, aquilo que se diz,

era o que se queria:

a disciplina não pode tudo,

pois tudo não existe //

e nas artes do fazer

aquilo que se inventa,

aquilo que se cria,

em nós também é o que resiste.

Éter-eder, eder-éter.

E vai o filme passando

sem deixar o passado ansioso.

Ele flui sem que se perceba

adiante, algum remorso retorno.

Dos males, o melhor!

Errar é compor,

não é destrinchar, recolher e assimilar.

Não se erra deliberadamente, você diz.

Se erra porque se erra,

simplesmente,

como uma criança que diz que sente

e do que sente.

Criança: devir-fingidor em pessoa.

O erro sentimental carrega frescor

quando se dá bem,

quando se dá mal.

O segredo é se dar,

e se dando, se entregando

a errância se confirma,

flutua, vagueia, se espalha.

Errância é pedra na água,

é fogo de palha.

É amor consumido em vida

no fio da navalha.

E na arte de amar,

na melhor astucia do fazer,

não há certo e errado.

Há o dito e o não dito,

o toque das peles,

o frisson nos pelos,

há as calmarias e os destemperos.

Há amizade e a paixão que clama

momentos de café, de feijão e de cama.

O que se faz nesses momentos?

Responda quem ama!

Há muito de muitas coisas no amor.

Há até aquilo que ainda não sendo,

avisa intuindo no outro,

olha, já-já aí estou.

Como algo que se sabe sem saber,

como algo que se pode

sem dizer em si o poder.

Como algo que não se deve por na mesa

e buscar a melhor solução.

Problemas de matemática

com as urbanesas? Não!

Elas são problemas enverbados

por isso restauram o eterno inacabado.

Espalham fragrâncias do erro cometido

onde ainda há vida,

onde “o pulso ainda pulsa”

onde encontrar se faz acontecimento

o descaminho do presente

é o futuro do pretérito no prazer compartilhado,

é falar com você, tendo Heliana, Teresa e Marcelo do lado.

É ver tanta vente bonita

e a todos, especialmente a você,

dizer muito obrigado!