sábado, 10 de abril de 2010

Impressões da Feira de Laranjeiras (II)






Com o intuito de verificar se a notícia de que a Feira da cidade de Laranjeiras iria sofrer uma mudança de lugar, com a visita ao local, obtive as seguintes impressões.



A feira livre é um local público que em determinadas épocas e dias fixos, se expõem e vendem mercadorias. Como acontece em diversas cidades do país, a feira da cidade de Laranjeiras, situada no interior do estado do Sergipe, é um fenômeno econômico social muito antigo, que já conta com mais de 17 anos de existência, mas que como toda e qualquer feira tem suas implicações de ordem pública e possui regras de criação e funcionamento que dependem da intervenção e da garantia do município.



Como as feiras se originaram há muito tempo, quando as pessoas se reuniam periodicamente em algum ponto pré-determinado da cidade para vender seus produtos à população ou mesmo realizar trocas, com o tempo o número de mercadores foi aumentando e o poder público interveio com o objetivo de disciplinar, fiscalizar e, é claro, cobrar impostos.



O papel das feiras tornou-se verdadeiramente importante a partir da revolução comercial, nessa época os mercadores realizavam transações comerciais e intermediavam trocas numa atividade eminentemente itinerante. Esta prática tornou necessário o uso do dinheiro, como havia pessoas que vinham de diversos lugares, existia então, uma grande variedade de moedas em circulação, o que ajudou e muito a desenvolver os bancos e o câmbio. As feiras eram localizadas em lugares estratégicos, como num cruzamento de rotas comerciais e algumas chegaram a ter abrangência internacional.



As feiras livres existem no Brasil desde o tempo da colônia e apesar dos tempos modernos e dos contratempos que elas causam nas cidades, elas não desapareceram, embora corra o risco, em muitas cidades do interior do país, elas são o principal e, às vezes, o único local de comércio da população, funcionando também como centro cultural e de lazer. Algumas pessoas circulam, examinam, pechincham ou simplesmente estão à procura do que desejam. Outras pessoas já têm suas barracas preferidas, conhecem o feirante de longa data e parecem mais amigos do que fregueses. Pode-se dizer que a feira é uma referência cultural, muitas vezes visitada por turistas e bastante frequentada por pessoas de cidades vizinhas.



Mas a feira está sendo descaracterizada, está sendo deslocada das áreas estratégicas para áreas de pouca movimentação e convívio social, geralmente distantes da zona de concentração populacional, áreas pouco habitadas ou mesmo desvalorizadas.



É o que está acontecendo na cidade de Laranjeiras. Numa visita a cidade, conversando com as pessoas que frequentam a feira, de uma maneira geral, a maioria se mostrou contra a mudança da feira para a praça de eventos da cidade, um dos principais motivos para que ocorra essa mudança é que a feira ocorre nas imediações do campus da Universidade Federal de Sergipe, além de interromper o trânsito, impedindo a circulação dos veículos, mas as pessoas alegam que a feira só funciona aos sábados pela manhã, e que já há uma tradição, um costume da feira naquele local, com a mudança de lugar haveria uma grande dificuldade de acesso, já que a feira seria dividida, pois o mercado de corte e cereais permaneceria no prédio vizinho a Universidade, mas as barracas de frutas e verduras seriam transferidas para a praça de eventos que fica do outro lado do rio, apesar da construção de uma passarela, os mercadores relatam que “os fregueses que forem ao mercado de corte, não vão atravessar a passarela para olhar se o tomate ou a cebola estão na promoção”, o que poderia acarretar prejuízos.
Enfim, a feira mais parece uma “confusão” perfeitamente organizada onde tudo funciona na hora e no lugar certo. É um lugar caricaturesco cheio de figuras ou personagens, cada um com sua história, um lugar com cheiros, sons, cores e luzes a serem descobertas, exploradas, fotografadas... na memória e na história.

Um comentário:

Andressa disse...

Gostei do texto, mas gostei mais das fotos! É bom lembrar dessa nossa primeira experiência na feira... hehehe!