terça-feira, 16 de setembro de 2008

O primeiro encontro...

Gostaria de des-recalcar o primeiro post deste web-log, redigido pelo nosso amigo Lázaro, e lembrar a sua maravilhosa visão de Encontro. Um encontro enquanto choque, atrito, toque. E hoje, uma terça-feira, desesseis do nove, nos encontramos pela primeira vez com uma realidade que não era a nossa. E, como todo primeiro encontro, estávamos apreensivos e ansiosos ao confrontar alteridades.

Antes de prosseguir, devo advertí-los que tentei ao máximo seguir o conselho de João e não encarar o novo assim como Rousseau encarava o seu Emílio. Não assumo o papel de antropólogo que, fascinado pelos sabores exóticos, os pareia com paladares conhecidos. Interpreto um papel semelhante, porém mais desregrado. O da criança que consegue se desvencilhar dos pais num parque de diversões, brincando - encantada! - com tudo e todos!

Assim que adentramos numa salinha aos fundos do Lion´s Club, acompanhados por Marcos Monteiro e sua prestíssima lalação, fomos recebidos por muitos sorrisos e palmas. Melhor expondo! O Marcos foi recebido calorosamente!!! Era notável a coesão daquele pequeno grupo. Era notável o quantum afetivo dos idosos, seja para com os mesmos seja para com o Marcos! E foi ainda mais notável o fato de um grupo tão solidamente configurado nos aceitar tão docemente.

Nossas caras novas foram, então, apresentadas. Como estudantes de Psicologia! Ao ter nossa identidade secreta revelada, temi gerar desconforto no grupo, visto que não temos, em planejamento, nada a ofertar aos idosos. Mas, ao contrário, eles se mostraram bem receptivos aos nossos corpos estranhos. O problema que surgiu é um pouco mais embaixo. A apresentação sugeriu, implicitamente (ou nem tanto assim...), um comprometimento nosso com o grupo. A sensação de liberdade que um convite nos ofereçe foi substituída pela angustiante convocação d´uma seleção militar.

Saímos do quartinho da bagunça e fomos dirigidos a um pátio amplo. O pequeno grupo de idosos foi crescendo com o balancear do pêndulo. 10, 15, 20, 30 idosos. A maioria por demais participativa e animada com as atividades propostas pelo Marcos. Inicialmente, ele coletou algumas imagens em vídeo de algumas senhoras, como a Helena (que contou sobre seu falecido marido e sua única filha...) ou a Dona Joaninha (que, falando em morte, quase que mata alguém...). Soubemos que tais gravações serão reunidas para a criação de um filme/documentário mas - devido a esquecimentos - não nos interessamos em saber o porquê da película.

A reunião, após as conversas e gravações, dá início. Marcos começa a fazer, de forma indireta e divertida, os idosos alongarem e aquecerem músculos e ossos para o que virá. Méritos do professor doutor à parte, são os idosos que se deixam levar pela atividade, com vigor invejável. Sem exageros...

Seguem-se brincadeiras e danças populares, folclóricas, gerando momentos muito divertidos entre os idosos, Marcos e os três intrusos Psi. Tudo muito livre e espontâneo. Todos parecem gostar - e muito! - de estar ali. Momento especial foi a dramatização quase catártica que os senescentes fizeram de seu dia. Ouvimos desde histórias que suscitam piedade, como a perda de um parente querido até narrações sobre o que tiveram no café da manhã (destaque para o senhor que comeu cuzcuz, ovos, café, pão, bananas e mamão... e que, segundo seu vizinho, "não morreu!!!"...)

Fomos à toca do leão para observar um grupo de idosos, visando inferir os processos ascéticos e bio-ascéticos formadores de identidade neste grupo de terceira idade. Mas nos perdemos dentro deste mundo outro. Trocamos - como diria Rubem Alves - a caixa de ferramentas pela caixa de brinquedos. E adoramos isto...

9 comentários:

Juaum disse...

Muito bom, primeiro diário e já deu pra ter uma ideia de como aconteceu esse encontro. e realmente aconteceu.
dá pra sintir as vibrações do por vir nas linhas....
boa sorte no trabalho!

Juaum disse...

ps: acho bom exercitarmos também isso de inetercâmbio entre textos produzidos pelas duas pesquisas. conversemos entre nós mesmos.
abraço..

Aurea disse...

Marcos faloui na possibilidade de ter um dia específico para a psicologia. um dos seus objetivos creio que seja levar os idosos pra ter ps trabalhos na UFS, e criar uma interdisciplinaridade pra os trabalhos com os idosos. tava pensando se nós tivéssemos a possibilidade de termos uma hora semanal como O marcos mas para construírmos uma roda de conversa com os idosos sobre os vários temas escolhidos por nós, seria uma roda de conversa que tanto nós quanto o grupo dos idosos ganharíamos.

Kleber disse...

Foi o primeiro encontro, mesmo que entre aspas, como sugere o título da postagem. Pelo dito, foi contagiante. Ótimo. Surgem, entretanto, questões. No que vamos apostar? Como podemos apostar? Há outras. Ainda sem que eu meter racionalidades nessa experiência, sugiro que retomem na terça seguinte esse bom encontro e na quinta nos falamos. Abraço!

Lázaro disse...

é Kleber, o encontro foi muito bacana. Mas acho que antes de voltarmos na terça lá no grupo precisamos conversar com voce sobre coisas que surgiram (algmas q estao na postagem do tiago e outras nao).

de minha parte, me refiro, principalmente, à demorada conversa que tive com o Marcos enquanto esperavs a galera.

Abraços.

Kleber disse...

Lázaro, segunda estou na UFS, com compromisso, das 16 as 22 horas. Monografia e duas disciplinas. Pode ser antes das 16h. Tipo 15 h. Quanquer coisa, manda um e-mail direto pra mim e aí posso tomar algum posicionamento. No aguardo.

Bruna_ disse...

Poxa gostei muito de ter lido o texto, deu pra sentir um pouquinho como foi o encontro :]
Além disso concordo com o juaum sobre o intercâmbio entre os textos.

Mairla disse...

eu também gostei muito do texto! e sabia que vinha algo por aí de contagiante só pelo que conversei com você, james, naquele dia.
e também dei umas risadainhas durante o texto imaginando você contando isso pessoalmente! imagino que tenha sido divertido demais.
só achei meio estranho essa recepção calourosa com o marcos que você contou..
beijos.

Lázaro disse...

Pois é, quase que somos vencidos pela tal da "profecia auto-realizador", mairla...