terça-feira, 16 de setembro de 2008

Qualidade de vida e Idade Moderna - Anita Liberalesso Neri (Org.)

Tá aí, Áurea... ;)

Atividade e bem-estar psicológico na Maturidade
Embora não se tenha chegado ainda a uma definição final sobre o envelhecimento bem-sucedido, há algum consenso de que ele possa ser definido como um nível relativamente alto de saúde física, bem-estar psicológico e competência em adaptação (Wong, 1989).
O bem-estar psicológico ou a qualidade de vida na velhice são também referenciados como "moral", "estado de espírito", e "satisfação".
Considerar-se-à como pessoa idosa aquela que, segundo o critério adotado pela ONU, tenha atingido a idade de 60 anos.
Reich, Zantra e Hill (1987) apresentam a uma definição operacional de atividade: "um comportamento em resposta a um evento – fazer alguma coisa acerca dele." O termo atividade será aqui utilizado com este significado, e também como sinônimo de ocupação do tempo.

Atividade e significado pessoal
Significado pessoal é um sistema cognitivo construído individualmente, isto é, que é fundamentado em valores, e é capaz de dotar a vida de satisfação pessoal (Wong 1989).
Reker e Peacock – o senso de propósito de vida é positivamente correlacionado com percepção de bem-estar psicológico e físico.
Na idade avançada, o homem vê-se ameaçado quanto às principais fontes de significado, tais como trabalho, status social e empreendimento.
O envelhecimento bem-sucedido não é apenas um privilégio ou m direito, mas também um objetivo, uma condição alcançável por aqueles que lidam efetivamente com as mudanças que acompanham o tornar-se velho. A atividade sistemática, isto é, aquela praticada regularmente, empresta significado e satisfação à existência quer pelo compromisso e responsabilidade social nela implícitos, quer pela oportunidade de manter o convívio social.

Atividade e estabelecimento de vínculos
A maioria das teorias de ajustamento ao envelhecimento, incluindo a teoria da atividade, postula que o bem-estar emocional é, em parte, resultado a interação social e da força do vínculo social.
Segundo Lee e Thinger-Tallman, relações baseadas em parentesco, independente de serem entra ou intergeracionais, não afetam o estado de espírito do idoso, provavelmente em virtude restrição na livre escolha mútua e na livre manutenção destes relacionamentos.
Compartilhar de atividades grupais com pessoas da própria geração favorece o bem-estar do idoso porque facilita a emergência de significados comuns e a maior aproximação interpessoal, permite a ocorrência de catarse. Não importa a quantidade de relacionamentos, mas sim a qualidade. Para o seu bem-estar emocional importa o relacionamento íntimo em que posa ter no outro um confidente, Atividade, suporte grupal e prevenção de estresse.
Suporte social é definido como a presença de outra, e / ou dos recursos psicológicos e materiais fornecidos por familiares e / ou amigos, antes e depois de um evento devida estressante. O suporte social é importante somente na medida em que corresponder ás necessidades experienciadas pelo idoso.
O desempenho de atividades e o suporte social podem contribuir para reforçar o sentimento de valor pessoal. Consequentemente, reforçam o auto-conceito e o sentimento de auto-eficácia, facilitando o manejo das situações estressantes com as quais o idoso se depara em decorrência do declínio de suas forças físicas e de suas perdas pessoais e financeiras.

Atividade física, motivação e bem-estar psicológico
Formas autodeterminadas de motivação levam á maior flexibilidade cognitiva, intensificam a aprendizagem conceitual, despertam maior interesse, produzem um estado emocional positivo, maior auto-estima, mais altos níveis de felicidade marital, maior satisfação na vida, mais altos níveis de criatividade e têm efeitos positivos sobre a saúde em situações estressantes.
Muitos estudos têm demonstrado que proporcionar aos idoso escolhas, responsabilidade pessoal ou controle intensificam sentimentos de autodeterminação e tem efeitos positivos sobre seu ajustamento e bem-estar (Vallerand, 1989). Perece haver consenso entre os pesquisadores de que a autodeterminação aumenta a motivação intrínseca e a motivação extrínseca auto-geradora.

Atividade, crescimento pessoal contínuo e bem-estar psicológico
A Psicologia do Desenvolvimento vê o desenvolvimento ontogenético como um processo que dura toda a vida, e elimina a supremacia de qualquer estágio ou tempo de vida sobre o outro: em todos os estágios do curso de vida operam tantos processos contínuos (cumulativos) como descontínuos (inovativos).
O que tem contribuído para dificultar ou impedir ao idoso ter uma vida mais ativa?
A revisão da literatura evidencia a influência de fatores tais como: tradição cultural, estereótipos culturais e vieses científicos: ausência de autonomia do idoso e/ou atitude paternalista dos que lhe são próximos; valorização da produtividade em detrimento do lazer; aceleração da história; senso de limitação do tempo futuro; perda de amigos e contemporâneos e degenerescência.
Segundo Stones e Kozma (1989), há uma crença antiga no pensamento ocidental no sentido de que a atividade e a felicidade são entrelaçadas. A felicidade resultaria da razão ou da discrepância entre o número de desejos satisfeitos e o número de desejos totais.
Quando as pessoas idosas são vistas como um grupo marginal como ocorre na maioria dos países industrializados, tendem a ser penalizados como qualquer grupo marginal, e perdas sociais são acrescidas às perdas naturais da velhice.
Impedimentos socioculturais à autonomia e à atividade em idosos
A questão da autonomia do idoso é um aspecto fundamental ao seu bem-estar. A autonomia inclui a capacidade para a autodeterminação, para resistir a pressão social, para pensar e agir de certo modo, e para avaliar o Eu por padrões pessoais.
Outro aspecto que tem dificultado a participação do idoso em atividades é a perspectiva de tempo futuro, que para o idoso em geral é mais curta. Muitos não se sentem motivados a iniciar tarefas, uma vez que sentem limitação à sua continuidade. Beauvoir (1970), transcrevendo Chateaubriand, escreve a esse respeito: "minha juventude estava diante de mim: eu podia caminhar em direção a essa coisa desconhecida que procurava. Agora já não posso dar mais um passo sem tocar no limite".

Perspectivas
A gama de atividades existentes é tão ampla que torna possível, salvo raras exceções, uma escolha adaptada aos interesses e condições de saúde de cada pessoa.
A literatura recente tem enfatizado que não podemos subestimar a velhice, atribuindo-lhe somente perdas, visto que o processo de desenvolvimento, em todos os momentos, da infância á velhice, é um processo de equilibração ente ganhos e perdas, e não só de ganhos ou só de perdas.

4 comentários:

J. Thiago disse...

Oh, céus! Não consigo mais enxergar as políticas públicas como um algo-além de dispositivos de previsão e controle... Poderei eu voltar ao normal um dia!?

Lázaro disse...

Porque? Voce acha que tá perdendo o controle?

Mairla disse...

tá perdendo o controle é, james?
acho que isso é um marcador característico da adolescência viu!
hahahahaha

(piadinhas!)

J. Thiago disse...

Não, Mairla! Ainda não... Ao menos, acho que não!!! :P