terça-feira, 21 de julho de 2009


Vasconcelos, Jorge. Deleuze e o cinema. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2006.
Sobre a Introdução.
Vasconcelos (V/) pretende relacionar o “problema do pensamento em Gilles Deleuze com a arte do cinema”, em busca de um novo, que se configuraria como “um pensamento que privilegia a idéia de diferença para instaurar novos ângulos e perspectivas do real” (p. XVI).
Nessa relação entre arte e filosofia, dois outros conceitos deleuziano atravessam a cena: tempo e pensamento. Assim dispõe V/.
Não pretendo me prender a sentidos pré, mas pensamento no texto de V/, já aparece com variações. Talvez fosse o caso de dispor a questão da filosofia em Deleuze, talvez isso afastasse a decisão pela leitura de Vasconcelos agora. Melhor se en-linhar um tanto a mais em V/.
Bom mais algumas linhas adiante e V/ diz de um diálogo entre filosofia e não-filosofia, sendo essa última “utilizada como linha de fuga em face das armadilhas impostas pela representação clássica”. V. apresenta o primeiro adversário no texto; as representações clássicas. Daí V/ diz de uma predileção deleuziana por filósofos que resistiram as tais armadilhas. Nomina-os: Duns Scot, Hume, Espinosa, Nietzsche e Bergson. Apresentadas as alianças, V/ afirma que a Deleuze “importa tornar possível o pensamento”.
Parasse aqui a leitura, já teria um bocado de coisas a conversar com V. . Coisas desentendidas ainda e coisas que começam a se movimentar. Coisas para refletir e coisas para encaminhar. Coisas desse instante atualizado pela leitura. Tantas coisas e esse instante é impreciso. Estaria pensando? Onde? Nas duas condições que descrevi ou uma inviabiliza deliberadamente a outra, enquanto possibilidade de existência? Se importa tornar possível o pensamento, é possível um pensamento que não articule uma política? Que política?...
As vezes uma questão nos leva pra fora da coisa em movimento. Noutras, questões nos levam para dentro de outra coisa quase estanque. Bom, voltar as linhas para saber da Introdução. V/ vem então apresentar um tanto da relação de Deleuze com o cinema. Livros, artigos e entrevistas, onde se sobressaem Cinema 1 e Cinema 2, que seriam textos onde Deleuze “estabelece uma leitura horizontal acerca de um domínio estético” (p. XVII).
Daí V/ vai dizer do seu trabalho sobre Deleuze. Um trabalho que ele acentua como de interpretação que tem por veio duas dimensões: crítica e afirmação da filosofia deleuziana, condicionando a vida desse pensamento a intercessões do mesmo com domínios do extra-filosófico. Seu problema: imagem do pensamento e o conceito de intercessores, dispõe no parágrafo seguinte. Revigora sua intenção dispondo sobre seu modo de operar nesse trabalho. “Não há possibilidade de fazer filosofia, deleuzianamente falando, sem investir em um duplo campo: a constituição dos problemas e a criação dos conceitos que daí advêm” (p. XVIII). Dá-se a problematização como modo de fazer.
Uma linha com três asteriscos divide a Introdução de V/ e ele passa a falar de Imagem-movimento (I-M) e de Imagem-tempo (I-T). Resume os desdobramentos desses conceitos, traz exemplos e perspectivas que ainda poderiam ser tomadas como prognósticos (delírio meu).
Diz dos quatro capítulos que organizam o livro e a eles cabe o campo para conversarmos.
Abraço.

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