quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Despercebidos

Depois de várias sextas que por ali já tinha passado, esse meu último contato com a feira me fez pensar que eu poderia não ter percebido coisas que naquele momento me chamava demasiada atenção. Percebia um espaço, uma amplidão até então não notada. Pensei que poderia ser pela quantidade de gente. E era, em parte. O fato de ter menos gente me proporcionava uma idéia de maior espersão entre os corredores, assim como me permitia perceber lugares que até o determinado momento não havia sido explorado como o fiz.
Pequenas ruas que de tão estreitas eram ofuscadas por barracas posicionadas de uma forma que as bloqueavam vieram à tona. Não só isso, mas um salão de beleza que em dias de grande movimento apenas via a cadeira de seu estabelecimento encontrava-se totalmente visível. Podia ver o cabeleleiro sentado em um banquinho ouvindo atenciosamente um rádio encontrado à sua frente.
Durante essa mesma visita pude perceber um rosto que não me era familiar, e fiquei me perguntando se seria a primeira vez que o via ou se simplesmente não o tinha percebido ainda. Era um senhor de cabelos e longa barba grisalhos, de estatura baixa e olhar vivo. Tinha em sua cabeça um chapéu preto e enquanto mantinha uma das mãos no bolso encostava-se com a outra em uma barraca que vendia carnes. Ele não era o vendedor da barraca nem possuía nenhuma sacola de compras. Será que ele estava ali para observar? Passar o tempo? Não sei!
O cabeleleiro, as ruas, o senhor foram essas as coisas que me chamaram a atenção. O pensamento que ficou em minha cabeça foi: será que vou enxergá-los com os mesmos olhos na próxima sexta?

Um comentário:

J. Thiago disse...

Novos olhos, novos olhares, novas olhadas... Mudar o foco é sempre bom, por mais escuro e obscuro que o novo cômodo se revele. Desta escuridão, acredite, pode sair qualquer coisa... :)