quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

diário de bordo 19/12/2008

Era uma sexta que teria de ser diferente da passada. Acabou sendo, em parte, mas não como planejado. Combinado era irmos, eu e o João, juntos novamente às 8 horas da manhã, pois o pessoal já conhecido nosso começava a estranhar e perguntar por que não íamos mais juntos. Nessa sexta mesmo, Finha perguntou pelo Joãozinho se ele apareceria ou se ia descontar da sexta anterior que eu tinha o deixado ir sozinho.

A mesma pergunta foi feita pela Nininha e seu Joselito e fazendo o comentário de que a gente só podia está brigado. Eu dei uma risada e disse que não, que só estávamos nos desencontrando e que os estudos estavam atrapalhando nossos horários.

Pois bem, seria eu sozinha naquela sexta. Sentei-me logo na sombra e quando percebi já estava gritando o preço da manga (5 por 1 real!!) para os fregueses que Finha não conseguia dar conta. Fui pegando logo uma sacola e fui socorrida por ela devido a minha falta de costume como feirante. Dei o dinheiro a ela e logo fui pegando outra sacola pra ajudá-la a colocar a jaca dentro.

Ainda assim, ela tava agoniada e deu logo uma bronca no marido e no neto (que hoje tava lá porque já estava de férias), pois eles não a ajudavam, só ficavam ali de cara pra cima vendo o povo perguntar as coisas e sem responder. A mulher ficou tão braba que mandou o marido ir dormir no carro porque ele não ajudava em nada mesmo. Fiquei olhando aquilo com sorriso de canto de boca sem querer me meter muito e sentei-me do lado do neto dela, que descascava a vagem. Bem sonolento, em um ritmo bem diferente do agitado da feira, como se não acontecesse nada ao redor.

Quem ajudava a atender os fregueses de Finha era a Nininha, mas como agora não a deixam mais trabalhar com as coisas no chão, ela tem que ficar subindo e descendo a feira pra conseguir vender alguma coisa. No final das contas perderam as duas: tanto Finha com a ajuda pra vender suas frutas quanto Nininha que antes faturava uns oitenta reais e agora não consegue chegar aos trinta direito. Um prejuízo e tanto.

Aquela região por ali da sorveteria está diferente. O lugar que Nininha ocupava com suas bugigangas agora foi tomado por um carro em que um menino vende dvd’s. Tem também música toda hora e muita gente, muita gente mesmo, comprando. Gente que sai às vezes com 10, 20 em uma sacola. Diz seu Joselito que esse menino vende por encomenda e que tem um pessoal que compra a ele pra revender por aí. E o rapa? – pergunto – não pega mesmo esse meninos? Não – responde – isso tem treta, os fiscais quando estão chegando ligam pra eles e eles saem ligando pra todos os outros e daí sai todo mundo guardando. Sem contar que eles não saem sem nada não. É tanto dinheiro que esses dvd’s dão que eles molham as mãos dos fiscais pra poder vender tranqüilo.

Não foi algo que me impressionou muito não, na verdade nunca duvidei de que o negócio pudesse ser assim mesmo. Apesar de na sexta passada, em que também estava só, enquanto acompanhava um menino que vendia DVD, o fiscal da EMSURB chegou e disse que ia levar tudo. Falou até que se não saísse logo ligava pra policia pra levar a gente. Na hora me vi no bolo sendo levada junto! Foi engraçado que só... Mas também tranqüilo porque sabia que eles não faziam nada, a função é só organizar a feira e fiscalizar.

Escutando os boatos de que a feira não seria ali por causa do Natal, saí andando a procura de alguma informação sobre isso. Parei na senhora dos biscoitinhos, que estava dormindo e acabei a acordando sem querer. Ela me deu um sorriso e perguntou o que eu iria querer. Nisso perguntava se sabia de algo sobre a feira e o natal, se mudaria alguma coisa, logo a do lado se meteu na conversa e disseram que até agora se não falaram nada é porque não mudariam.

E até a hora que fiquei, que foi até o final da manhã, os fiscais da EMSURB não tinham aparecido e assim me disseram que não apareceriam mais porque eles costumam ir cedo. Nisso Nininha, que não é boba, deixou o carrinho dela de bugigangas do lado da banca de Finha e dali gritava seus produtos e ficava de olho quem chegava próximo. Falei que dava até pra ela ficar daquele jeito, que se os fiscais chegassem, dizia que tinha parado pra descansar e que estava andando pela feira. Ela me respondeu que ia fazer isso mesmo ou então que nem a mulher das melancias na frente, que quando “os homens” iam embora, ela estirava o pano de novo e pronto.
Disse que precisava ir embora. Desejei boa feira e recebi um feliz natal. Não costumo desejar bom natal, mas o fiz assim mesmo.

2 comentários:

J. Thiago disse...

Vejo muitos frutos colhidos - ou melhor, produzidos! - nesta seara. Faz-me sentir falta de um campo para observar os lírios. Ah! os velhos lírios...

Bruna_ disse...

Fiquei comigo mesma imaginando as cenas que se passaram no relato... Mairlinha ajudando nas vendas??mais do que interessante :]
Que tal marcarmos de ir nessa semana mais tarde , no horário que vou??
=****