domingo, 15 de março de 2009

diário de conversas 13/03/09

I.
8:15 no ponto de ônibus respirando melhor e bebendo água pra recuperar da pedalada. Aparece um menino novo e se senta bem próximo a mim em cima do seu carrinho de mão.
Fico olhando ele tirar o boné, franzir a testa e enxugar o suor. Pergunto se está cansado (pergunta óbvia, mas tinha que começar de alguma maneira) ao qual me responde com balarçar de cabeça afirmativamente.
- Desde que horas tá aqui na feita?
- Desde as cinco horas.
- A feira começa esse horário né? Cedo ein...
- É...
- E quantos carregos já pegou hoje.
- Sete.
- Isso é bom ou é pouco?
- É pouco né? Dá pra nada...
- E o dinheiro ajuda em casa é?
- É, ajudar minha mãe...
Nisso chega um outro menino com seu carrinho de mão e se senta ao lado. Fica me olhando com cara de desconfiado e fala baixo com o-menino-novo. Desconfio que seja perguntando o que acontecera por ali...
Acabo deixando a conversa pra lá e fico só observando: escuto um falando que acha que já vai embora, não aguenta mais não. Cada carrego longe...
O-menino-novo comenta algo de um carrego. Não entendo a linguagem: "fiz dois por um". Como tava distante e não confortável pra entrar na conversa não perguntei nada...
Saem e vão comprar um pastel. Voltam, comem deitados no carrinho de mão e ficam calados.
Uma senhora chama distante... o-menino-novo sai correndo e o outro fica dormindo.

II.
Agora converso com Dona Rosália. Apareço pelo banca dela, pois soube que perguntara por mim. Fui lá e fui recebida com um sorriso, como sempre! Dona Rosália ou tá dormindo ou tá sorrindo.
Pergunto como ela está e diz que está bem, só um pouco cansada. Compro meus biscoitos e enquanto espero o troco pergunto como anda as vendas dessa sexta. Ela me diz que tá tranquila... vende umas coisinhas aqui outras ali e tá tudo bem. Aproveito pra perguntar sobre o preço da banca e me diz que na sexta passada não pagou oito reias não. Pois é um absurdo! Ela e mais um monte de gente não pagou o preço que eles queriam. E completa dizendo que acha que eles vão abaixar... não sabia quanto cobrariam a ela naquela sexta, pois o fiscal não tinha passado ainda.
- E a Associação dos feirantes? Você se associou a ela?
- Ainda não. Tô pensando e analisando pra ver.
- Tá desconfiada é dona Rosália?
- É minha fia... um pouco né? A gente tem que analisar pra ver se é bom mesmo o que eles querem fazer. Tenho que ver ainda... tá cedo por enquanto.
- É... tá certa a senhora. A gente tem que analisar mesmo...
- Pois não é? Tome seu troco..
Recebo um monte de moedas. Comento que gosto pois tenho um cofre. Ela me diz sorrindo que não faz cofre não porque cofre de pobre só serve pra pagar as contas!

III.
Pra terminar o dia, acho que não tinha como ser melhor. Uma visita na banca da Iete, a tia das cachaças! No pretexto de comprar uma garrafinha de cravinho de meio litro aproveitamos pra puxar conversa e ainda perguntamos o nome dela que não sabíamos até hoje. Ela nos contou que decobre se a cachaça é boa assim: dá uma balançada na garrafa; se fizer uma bolha no meio pronto! É da boa.
Nos mostrou tudo que tinha e disse que é ela mesma que faz. Que a vinte anos trabalha com isso e com a mesma cachaça sempre. Ficou nos explicando que se tiver achando o gosto do cravo muito forte é só colocar mais um pouco de 21 que quebra o gosto. Nos disse que ela faz forte, mas dependendo do gosto de cada um é só colocar mais cachaça.
Pergunto se vende muito na feira. Ela me diz que agora nem tanto por causa do bafômetro. Digo que não dirigo, então estou tranquila! Ela ri e me dá mais um copo pra experimentar.
Damos os "até logo" e....


até próxima sexta!

5 comentários:

Mairla disse...

só uma coisinha que acabei deixando de fora...
notei uns latões de lixo de lata pela feira com nome da Associação.

só pra registrar e lembrar de observar na próxima sexta! =)

Juaum disse...

ótimo mairla, estivemos juntos e separados lá na sexta e nossos diários acabam compondo coisas que deixei passar batido propositalmente para puxar o seu relato, como a dona Iete, e outras tantas que eu nem sabia.

Bruna_ disse...

Na sexta-feira terminei parando em outra feira para aproveitar a carona da minha e não perder a oportunidade de estar em contato com esse ambiente!Ela é bem pertinho da casa da minha avó, num lugar bem arejado!Agora me esqueci o nome do bairro, mas vou fazer um pequeno diário falando sobre :]

Mairla disse...

poisé, jão. e ainda assim fizemos o relato de forma diferente!
talvez pudessemos alternar as postagens dessa forma... cada um faz o seu diário ou conversamos e um escreve.
deixar fluir...

bom sair explorando as possibilidades dentro da sair. tentar fazer cada vez mais coisas diferentes: tentar vender, conversar com pessoas que nunca conversamos, comprar...

até! =*

Mairla disse...

*dentro da feira