quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Impressões

No meio de tantas barracas e gente tinha a paradoxal sensação de ser apenas mais um e o um a ser notado quando me eram oferecidas gentilmente frutas, verduras... Era como se fosse uma sutil troca de agrados entre aquele que sorria e “cortejava” para vender e aquele que retribuía pensando no melhor produto que poderia levar.
Enquanto caminhava pela feira tive uma breve sensação de ter começado a fazer parte de uma relação de poucos nomes concretos e uma infinidade de nomes abstratos: a moça das verduras, o rapaz da banca de feijão, a moça das frutas, o velho da banca das carnes, fregueses e freguesas pra lá e pra cá.. O que não quer dizer que seria uma relação distante de afetividade. Aos poucos fregueses, moços e moças das barracas se reconhecem e aquela relação vista em grandes supermercados de compra e venda é impregnada de informalidade, aquilo que deveria custar três, com uma boa conversa se faz por dois.
“Olha a rede do amor, deita dois levanta três!!”,“ Quer provar um amendoizinho, moça?”Cada um tenta mostrar o melhor do que tem a oferecer e enquanto isso vou passando entre os carrinhos de mão cheio de compras carregados por crianças, meninos que acredito que desde cedo já sabem o que é ter que juntar trocado por trocado, cada centavo para ter como dizem o seu ganha pão.
Novo e antigo se encontram .Entre barracas de frutas , verduras, aparecem as barracas de pilhas, radinhos,dvds das mais diferentes bandas... Feiras livres, livres da formalidade, da falta de interação ente vendedor e comprador, do excesso de lucro e objetividade das relações de nosso dia- a- dia.

2 comentários:

Juaum disse...

Este é um contato. talvez aquele que salta aos olhos quando da primeira vez. mas pensando cá com meus cigarros... vejo que o que escrevemos aqui até agora é uma visão deslumbrada sobre o que é diferente do nosso habitual. isso aparece nos três textos/diários. acho que a gente precisa tomar cuidado pra não cairmos no enaltecimento do "exotismo". aquela lógica da infantilização, do bom selvagem, da pureza natural.
enfim. acho que é isso.

Mairla disse...

"pensando cá com meu cigarros" neh?
hahaha

então, também tive essa impressão e ia até comentar isso quando acabei de ler o texto. mas também são as primeiras visitas...
gostei das relações dos nomes abstratos!