sábado, 7 de fevereiro de 2009

.s o b r e - v i d a s.

Do relatório A ascese na terceira idade, de Lázaro, me prendi na introdução nisso: “Como, diante de tantos avanços, sustentar a indelével certeza de que a vida se extingue?” E, pra mim, foi bem significativo porque antes mesmo de ler tinha assistido ao filme O curioso caso de Benjamim Button. Passei o resto dos dias pensando em minha velhice e como é deixar de fazer as coisas que quando nova fazia sem nenhum problema. Passar a me preocupar com o corpo de uma maneira que agora eu esteja sendo irresponsável. Será mesmo que acharei a melhor idade? Conseguir ser jovial e saudável como nos mostra a modernidade?

E porque não, não é? É no mínimo provocador: nós jovens problematizando sobre a terceira idade. A mim, causa um certo medo pensar em envelhecer. Sei lá como posso ficar! E ainda, hoje nos apresentam tantas alternativas para retardar o envelhecimento, tanta tecnologia, tanto avanço, que até esquecemos que “a vida se extingue”. Em pensar se poderei ficar que nem dona Joana! Com a maior disposição e bom humor do mundo. Cantando, dançando, fazendo exercícios... é muito encantador vê-los falar dos senhores do Lion’s. Muito impressionados, abestalhados com as histórias. Como esquecer a dona Gildete que listou horários dos bailes da terceira idade. E dos namoricos e malícias: “a gente tinha o dia inteiro...”. Belos encontros que nos rendiam apresentações de danças, de músicas e algumas imitações em nossas reuniões!

E o que mudou? Chegamos a um ponto em que não é preciso respostas. É só sentir mesmo. Não ter o que perguntar, não programar nada, apenas deixar acontecer as conversas pé de ouvido. E fascina mesmo. Tem que se deixar fascinar, se perder e se encontrar. Tomando suas palavras de um comentário sobre algum post seu.

Misturado (e sem passar batido) aos achados dos encontros, uma revisão que perpassa desde os primórdios em que os idosos eram vistos como os sábios da sociedade e mereciam respeito, à aqueles que ao Estado não interessavam, políticas eficientes de promoção da vida até o papel da mídia na modernidade na tentativa de evitar o envelhecimento e preocupações com a morte.

O relatório do Lázaro pra mim apontou pra uma preocupação com as histórias de vida, sobre experiências, com um cuidado muito maior com dispositivos que fazem esses espaços. Podendo ser de resistência ou não. Sobre vidas que têm um por que, talvez, de serem daquela forma. Por influência de uma mídia, do capitalismo, quem sabe! Ainda assim, são histórias a serem ouvidas porque nos são contadas. É dessa forma que se faz um conto: ponto por ponto.

7 comentários:

J. Thiago disse...

"Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada".

Fernando Pessoa

Lázaro disse...

é...
entao...
...

Mairla disse...

pois bem.

Kleber disse...

Mairla, fim de semana passado fui ver esse filme. Passou-me, mas agora lendo seu relato, fiquei com a vontade de pegar carona na sua e propor ao povo da 3a idade, a assistir esse filme com os nossos velhinhos e depois dá uma conversada. Essa coisa de nascer velho e morrer bebê dá pano para conversar sobre ascese. Atenção aí moçada!

J. Thiago disse...

Ruminando idéias... ruminando idéias... ruminando idéias...

Juaum disse...

Legal a idéia. daí também fiquei curioso para saber como vocês se imaginam velhos?
Eu não tenho muito uma opinião sobre isso, me imagino numa casinha pequena, com jardim, uns livros e discos, alguns amigos, uma companheira... uns dois ou três gatos...
as vezes andando por aí vejo alguns senhores que me fazem pensar "nossa... queria ser assim quando envelhecer"... mas são tão diferentes uns dos outros... acho que a imagem deles cabe bem nessa outra imagem que narrei e isso faz com que eu me imagine assim.
quem sabe?

Aurea disse...

Assistir ao filme ontem... relamente fantástco..
chorei muito..rsrsrsrsrsrs
Kléber tem razão, o filme dar muito pano pra manga...