sábado, 22 de novembro de 2008

Diário de campo, 18/11/08

Fiz o máximo que pude para chegar antes das práticas começarem, consegui! Foi uma pena não ter chegado antes de Marcos, por coincidência o encontrei pelo percurso, peguei uma carona e no restante do caminho fui ouvindo seus diversos aforismos e máximas, um deles foi: "cigano é bicho ruim";"cigano só gosta de sombra e água fresca", D. Joaninha e D. Francisca, por sua vez, assentiram proferindo também algumas notas de repúdio aos ciganos. Marcos fez ao menos uma caridade, me livrou do sol apino de 1:00h da tarde. Mas apesar de Marcos ter chegado cedo e começado a cantoria, durante os trinta minutos anteriores ao horário marcado pude estabelecer uma agradável conversa com D.Maria de Lourdes e com outra Maria, esta sem complemento nominal. As conversas não foram simutâneas. Assim que cheguei sentei do lado de uma senhora de Simão Dias, que não me pareceu afeita a conversação. Migrei para o lado de D.Lourdes, perguntei-a há quanto tempo ela frenquentava o espaço, se ela gostava de lá ! A maneira como conduzimos a conversa nada se pareceu com uma entrevista, mais parecíamos pessoas que estavam se conhecendo e de fato era a primeira vez que nos falávamos. Algumas falas de D. Lourdes foram importantes para o entendimento de seu modo de encarar o grupo: "a gente vem aqui para brincar, se divertir, dançar".
Depois de algum tempo comecei a fazer meu crochê e ao me ver fazendo ela começou a falar que fizera muito crochê, pintura, e outros artesanatos para vender na feira do Eduardo Gomes. E demonstrou um incômodo por naquele espaço essas atividades nunca terem sido realizadas.
O crochê, levei a propósito para incitar algumas falas, mas exceto D. Lourdes, as senhoras que estavam ao meu redor não sabiam fazer crochê, fato para mim estranho por não corresponder a imagem que eu tinha de velhinhas bordando, tricontando...!
Nos mesmos 30 min de adiantamento conversei com D.Maria. Foi uma conversa rápida, em que pude perceber a sua alegria por ter encontrado aquele espaço, onde ela poderia ir seguindo um novo roteiro senão o do médico, da feira, e da igreja. O restante da conversa foi preenchida com a sua reclamação por ter a percata se quebrado no caminho, obrigando-a a voltar de pés descalços. Depois de alguns minutos ela com toda sua inventividade teve a idéia de fazer um buraquinho na percata, com a minha agulha, e amarrar o pedaço quebrado com uma linha. Foi genioso, ela notou os instrumentos disponíveis, a agulha e a linha, e zap!
A conversa mais interessante do dia foi com D. Joaninha, uma senhora incrível com seus 94 anos, dos quais ela me pareceu ter muito orgulho. Nas três ocasiões a conversa foi puxada quando eu perguntava há quanto tempo elas frequentavam o grupo, como resposta ouvi mais de 11anos, alguns meses, e D. Joaninha não fez os cálculos, só afirmou que havia muito tempo. Não me lembro como que ela começou a falar do seu marido. Ela me contou um bocado de coisa sobre seu casamento e sua vida. Pelo que ela contava, percebi o destaque dado as coisas ruins(por ela significado como ruins) sucedidas na sua vida.Um exemplo foi sua declaração de que e nos 68 anos de casamento não havia amado o marido. Outro fato a muito ocorrido foi sua saída de casa para a dos pais, uma tentativa de desistir do casamento...Enquanto todas as conversações a dança rolava no centro do salão!

2 comentários:

Mairla disse...

essa dona joaninha é um sucesso neh?
todos vcs falam dela encantados! hahaha

J. Thiago disse...

Impressões boas! Expressões melhores ainda! Adorei sua retórica... :)