quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Estranhamento

Amiguinha, querida, meu amor. Essas foram as formas como fui chamada enquanto passava pelas bancas de venda e os vendedores me ofereciam seus produtos.
Tem dias que parece tudo que você faz é no automático. Acho que nesse dia eu estava assim. Passava por entre as barracas, já tinha um percurso certo na cabeça, sabia mais ou menos a ordem em que estas se sucediam. Via frutas, no balcão, no chão, gente, carrinhos, carregadores. Tudo numa mistura que já não me era estranha. Era como se enxergasse tudo, mas ao mesmo tempo estivesse me guiando pelo que já tinha visto não pelo que estava vendo.
Quando cheguei em casa, e parei para pensar sobre o que havia acontecido me dei conta de que a feira não era mais algo estranho pra mim, pelo contrário, já havia absorvido alguns de seus aspectos, coisas que antes eram novas , que me chamavam a atenção passavam agora despercebidas, ou melhor, como velhas conhecidas.Daí então me veio um questionamento: a feira assim como várias outras coisa com que tenho contato no meu dia- a – dia estava caindo na rotina.Deste questionamento surgiu um possível problema: talvez estivesse deixando de ver as peculiaridades da feira. Provavelmente, isso não seria uma boa coisa. Porém, depois pensei que talvez fosse precipitado da minha parte ter tal acontecimento do dia como a verdade para todos os outros.
O que mais posso falar é que foi uma visita estranha, diferente das outras. E, sem muitos detalhes a serem descritos. Acredito até que devido a forma como me encontrava no dia. No entanto, achei importante postar, mesmo que em poucas linhas o que tinha a dizer, porque esse dia me revelou um outro olhar, distinto de todos os outros que já havia tido da feira.

4 comentários:

Mairla disse...

é, acho que é dessa rotina ou do costume de passarmos pelos mesmo lugares, automaticamente, que não percebemos certas coisas a nossa volta.

hoje a noite, quando chegava em casa, me deparei com uma casa logo aqui vizinha que estava pra venser e não tinha notado como era grande a casa! sendo que passo na frente dela todos os dias quando vou pegar o ônibus...
deve ser por aí.
mas também, não dá pra perceber tudo a nossa volta. é uma quantidade absurda de estímulos que percebemos... mas ainda assim é engraçado notar como certas coisas passam batido por nós. as vezes até por estar misturado...
(parafraseando o sábio).

lembrei agora do trabalho de um cara que citaram lá no corporcidade. era assim: ele colocou um auto-falante nas costas como se fosse uma mochila e disso saia um som com a frase "Não preste atenção". e o foco era ver se as pessoas notavam aquilo ou simplesmente passava e não dava a maior importância. no vídeo mostra que muita gente parava e olhava estranho, outras nem olhavam e algumas fingiam que não notavam e passavam rapidamente fazendo seu percurso corriqueiro.
enfim, a discussão era em cima de que a rua estaria cega e surda, e acrescento que cada mais rápida e passageira.
mas será mesmo que a rua está cega e surda? ou será nós que estamos achando isso? as pessoas realmente passam pelos lugares e não vêem?

tá aqui o link dessa intervenção. é do Romano, se chama Falante e se não me engano realizada em 2007.
http://www.youtube.com/watch?v=iyMszlJkMLk

Mairla disse...

ahn, aproveitando...
linkei em "alguns encontros" duas revista: revista urbana e global brasil.
;)

Mairla disse...

dentro-fora e fora-dentro.
acabei de escrever sobre e to pensando na feira agora..
quem é fora e quem é dentro? feira que aparece e desaparece na cidade vem de fora e vira dentro, porque tá lá, ocupando, re-significando.
a rua que entra pelo meio da feira. tava fora, mas atravessou ela e agora ficou dentro, virou passagem.

eu que vim de fora e entro. meu corpo agora é dentro. meus afetos são os mais internos e se externalizam, no fora, na feira, na cidade, na rua. aqui.

t r a n s b o r d a n d o
...

Juaum disse...

Bom que o olhar tenha mudado, acho que a invenção de problemas, como coloca a kastrup, impede que esse olhar se engesse seja lá na rotina, no cotidiano, ou na exotismo. e isso você fez.. talvez no diário de hoje d~e pra perceber mais alguma coisa.
mas enfim, acho que o olhar tem que mudar mesmo... voar e pousar em outros movimentos... não parar.
abraço.